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Naquela terra distante e isolada dos grandes centros comerciais, foi construída uma singela base militar, feita de enormes pedras maciças à beira de um peral que desembocava no grande oceano. O objetivo daquela diminuta, mas robusta, construção era manter qualquer um que ali buscasse abrigo e aprendizado estivesse seguro e afastado de qualquer tumulto. Quase como os templos das montanhas, era um ambiente restrito apenas para jovens soldados em treinamento ou qualquer órgão do governo imperial.

Manteve-se com sua imagem imaculada de paz e parcimônia até durante a época de horror que acometia o país anos atrás. Claro que as coisas mudaram com o novo regimento, mas ainda sim, sua tranquilidade reinava.

Contudo, a alguns dias receberam convidados importantes da capital que trouxeram consigo um pequeno demônio enjaulado, que disseminou o caos e o tumulto naquela esfera de serenidade. Haviam outros prisioneiros ali, dois gatos pingados que saquearam uma ou outra coisa e tiveram o azar de passar por ali, mas esse homem que trouxeram era uma figura completamente diferente.

Não sabiam o significado de sua presença ou a extensão de problemas que aquele sujeito carregava consigo. O pequeno exército que veio com o novo prisioneiro instalou-se lá, dizendo que sua presença era necessária para lidar com tal fera, os responsáveis pela base sentiram uma pontada em seu orgulho. Oras, aquilo era um lugar que treinava guerreiros também, homens fortes e capazes, não era necessário mais gente para vigiar uma única pessoa que, além de estar em péssimas condições, estava trancada em uma cela com seus pulsos e tornozelos acorrentados.

E apesar da extravagante guarnição ali reunida, com homens da capital e da base, houve um acidente.

No dia seguinte à descoberta de que o relicário de Senjoo foi retirado de si, Jimin quase entrou em um estado de insanidade. Girava em círculos no cubículo de grades e pedras, arrastando as correntes em seus pés sob o chão, agitado, colérico, sentia o ódio apossar-se de si, já conhecia essa sensação, não se diferia das outras e mesmo passando por isso incontáveis vezes o poder que a ira tinha em seu corpo não minguava com o tempo nem perdia intensidade, afinal, já se tornara um traço de sua personalidade.

Os prisioneiros ao lado, sem escolha de fugir ou privar-se da cena, assistiam a cada surto do homem acorrentado. Já temiam fazer qualquer barulho e não trocaram mais de meia dúzia de palavras depois de ver aquele homem, que mais parecia como fera, em um estado genuíno de desvairo.

Jimin permaneceu andando em círculos por um longo tempo, até que parou abruptamente, assustando seus colegas ao lado que imaginaram que seriam um alvo para a cólera. Mas não era nada disso, ele apenas parou seus passos quando viu a sombra produzida pela luz que entrava da janela começar a diminuir. Estava próximo do meio dia, quando viriam dar-lhe de comer.

Sem olhar para o lado, sem gritar, urrar ou enlouquecer, sentou-se, desta vez mais perto da porta que dá outra vez, onde o guarda estenderia o braço para jogar a comida.

Não demorou meia hora até que o guarda chegasse, a porta metálica da entrada para os calabouços foi aberta e fechada ruidosamente e em alguns passos foi revelado o mesmo homem do dia anterior. Carregava pão e água, sua cara azeda de quem odeia sua função e amargou-se ainda mais ao olhar para os prisioneiros sujos, que sequer tinham suas celas limpas e chafurdam-se em sua porquice.

Talvez, pensou ele, que devessem trazer algumas palhas e jogá-las ali, assim talvez o cheiro de excremento diminuísse.

Jogou os pães na cela ao lado e colocou a água do lado de fora, tentando manter-se o mais longe possível dos detentos.

O guarda até chegou a estranhar quando chegou na segunda cela ocupada e encontrou o pirata sentado mais próximo da luz. De qualquer jeito, longe ou perto, ele jogou o pedaço maciço de pão no rosto e desta vez, por ordens, não despejou a água no chão.

Isca para peixeOnde histórias criam vida. Descubra agora