Isca para peixe

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#CapitaoDevilFish

Escrito por: Oimin95
Betado por: sopejuun

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-Eu já te disse hoje o quanto te odeio, seu morto filho da puta? - indagou Jimin, enquanto acariciava o relicário herdado de Senjoo em uma das mãos, na outra segurava firme uma garrafa de rum que ainda restava um último.

A tarde daquele dia já chegava ao fim e após passar horas e horas com os olhos vidrados naquele livro, sobre os mapas de navegação e divagando sobre algumas pendências, Jimin se deixou deitar naquela cama, agora tão vazia para alimentar seu vício.

Não, seu vício não era o álcool, se tivesse vontade, poderia passar a vida toda sem beber. Mas essa opção sequer era cogitada.

Seu vício costume e vontade irrefreável era reclamar com seu irmão, sobre qualquer coisa que aconteceu ou que deixou de acontecer. Todos os dias eles conversavam, horas ou minutos, sobre tudo e sobre nada. Agora mesmo que estivesse morto, o hábito não morreu.

-Eu fico me perguntando, como você conseguiu se apaixonar por alguém tão tapado quanto aquele cara? - Indagou novamente, em puro desgosto, unindo as sobrancelhas em uma expressão extremamente julgadora - Poderia ter escolhido outro sabe... Alguém que não faça parte da tripulação, não é pedir muito.

Jimin nunca havia gostado de Jerry, tinha suas considerações por causa dos sentimentos de seu irmão, mas de qualquer forma ainda não possuía afeto por ele. Principalmente por ser seu marujo, desde que ingressou como pescador.

Não tinham muitos motivos para seu desgosto, o ruivo apenas tinha cara de tapado e ele não via futuro naquele ali.

Na sua cabeça, Senjoo merecia alguém melhor. Mas de qualquer forma, Jerry sempre foi bom para seu irmão, então não haviam reclamações.

Sempre que os viam juntos, seu irmão exibia para os sete ventos um sorriso enorme e contente, sempre genuíno. Jerry era mais contido ao demonstrar seus sentimentos contudo, sempre mostrava ter reciprocidade nos sentimentos.

-Eu te disse que não gostava muito dele, mas você nunca me ouvia. - uma pequena risada lhe saiu, ao notar que não era muito diferente. - Também me disseram que não gostavam de Jungkook e cá estou eu, perdido de amores. - disse cômico, rindo fraco no final.

- Você é um péssimo irmão mais velho. - disse, erguendo o relicário na altura dos olhos - Você devia ter me instruído a não me apegar a criaturas meio peixe, de origem duvidosa que poderiam muito facilmente escorregar entre meus dedos e sumir de minha vista sem que eu pudesse dizer adeus. Como você não me ensinou a fugir desse tipo de situação?!

Ficando um tanto irritado, porém não bebeu seu último gole antes de virar seu rosto para o lado e ver nada além de uma parede repleta de desenhos esculpidos em riscos finos e cuidadosos. Cada traço tão perfeito quanto o artista.

Seu cerne sabia, por mais que desejasse e rogasse não veria o autor daquela arte, que não veria a cabeleireira de onduladas Ônix espalhadas pela cama, que não acordaria com aquelas íris Água-Marinha¹ lhe encarando tão ternamente.

A imagem daquele ser angelical surgiu em sua mente, mas ele se forçou a cortá-la com suspiro pesado que deixou seus lábios ao notar sua situação, sequer se lembrava mais do tema do monólogo com o morto, só conseguia ver o quão deprimente estava se tornando.

Estava como uma velha viúva louca, cochichando aos cantos com seu falecido. Era também como um bêbado deitado em uma poça de lama, chorando e chamando por sua amada que fugiu com um músico que lhe prometera o mundo.