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Oimin95
sopejuun

☠️•Aviso: este capítulo contém cenas fortes •☠️

O que seria do homem senão uma criatura complexa? Além do mais, o que seria de um ser antigo, criado em pensamentos e vivências solenes, senão aturdido ao entrar em contato com o humano?

Algo tão confuso e grotesco que nem se entende por si só, que age e agride por razões fúteis e supérfluas, que briga, insulta e mata por pedaços de terra ou meia frase mal interpretada. Criaturas egocêntricas que se veem como centro do universo quando na verdade sequer estão no topo da cadeia alimentar.

Que, sem motivos concretos ou explicações, viraram-se contra o inocente tritão que apenas desejava encontrar seu humano e o atacaram, atiraram e o sufocaram com os gritos e pressões por todos os lados, sem deixá-lo respirar enquanto destilavam sua raiva incoerente com punho e metal.

Pequeno sequer precisou terminar de dar o comando quando todos os humanos ergueram suas armas e pleitearam em prol da destruição  do homem alto. O cercaram e o acuaram, avançando como feras famintas em direção a sua presa invulnerável, que assustadoramente havia dobrado metal como se fosse papel, mas isso de longe era a maior preocupação deles enquanto o atacavam com fúria e excitação. Eram muitos contra um, uma luta injusta e sem honra, mas quando foi que um pirata se importou com tal coisa trivial?

Jungkook estava incapaz de recuar, espadas brandiam a sua volta, armas atiravam e algumas vezes não podia escapar da bola veloz que voava e afundava em sua pele agora reforçada pelas escamas. Porém, em um momento apenas desviar não foi suficiente, pois por mais forte que fosse, ainda não era um guerreiro, um lutador ou um ser divino, estava se ferindo mais do que poderia aguentar, precisava atacar e assim o fez, lutou por sua vida e novamente foi visto com horror.

Ele não sabia lutar, não sabia mover-se habilmente ao ponto de repeli-los com sutileza, apenas conhecia a arte da caça e morte. Então quando um homem veio e trocou movimentos consigo, não pode evitar quando, tentando desvencilhar-se de um ataque, atingiu o rosto do homem com suas garras compridas que rasgaram e arrancaram a pele de sua face, saindo como uma máscara úmida e lisa, escorregando para o chão e deixando a mostra apenas músculos e um olho redondo e branco.

Sangue pingou e derramou e escorreu naquele momento e o tempo... o tempo pareceu parar enquanto o homem permanecia de pé, parado, o encarando com metade de seu rosto exposto. Jungkook só pode encará-lo de volta ao mesmo tempo que era puxado para dentro das íris agora opacas e sem vida.

Ele mergulhou para fundo daquele olhar... todos sempre carregavam esse mesmo olhar vago e repleto de algo que Jungkook nunca pode decifrar. Todas as almas, antes de deixarem o corpo revelavam seus sentimentos mais profundos pelas suas portas.

É lindo e melancólico, mas infelizmente tão familiar, que em susto, quando as imagens de dezenas de corpos desfigurados, como aquele em sua frente, surgiram como um sonho real, Jungkook o empurrou com tanta força que fez seu corpo voar por alguns metros e espatifar-se contra a parede de uma das casas.

Não queria se lembrar daquele dia, não queria as lembranças da morte de seus irmãos o atormentando novamente, porém ali, entre aqueles humanos raivosos e sedentos por sua morte, foi inevitável retornar ao incontestável, pior dia de sua vida.

Seu peito subia e descia em asma, sufocando sem ar, seus olhos ardiam e uma agitação dolorida lhe tomava todo corpo, se via cansado e incapaz de manter-se naquela forma, suas garras já haviam pulado para fora muito antes, a pele em seu corpo já se tornara rija e agora permitiu-se descansar e deixar seus dentes, guelras, barbatanas e seus olhos assombravam os homens que vinham lhe atacar.

Isca para peixeOnde histórias criam vida. Descubra agora