Isca para peixe

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Autora: Oimin95

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Com o tempo você percebe o quão miserável as coisas são ou podem acabar se tornando.

Como em um momento você está no topo do mundo, o individual ou o habitável, mas ainda sim, quando no topo, você simplesmente tropeça e cai em uma má escolha que te faz rolar quilômetros abaixo, às vezes, para dentro da terra.

E quando cai, você percebe que estar no alto nunca foi relevante, apenas... confortável.

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Havia uma comoção insuportável na sala, ressoando em seus ouvidos como um enxame de abelhas. Sons de conversas e murmúrios lamentosos misturados a risadas desagradáveis haviam o despertado de seu sono forçado.

De certa forma o incômodo lhe foi útil, pois assim que dolorosamente abriu os olhos e se deparou com um teto desconhecido de pedras velhas, descobriu que havia sido tirado novamente da lama por alguém, porém tinha suas suspeitas que desta vez não fora um senhor estranho que sai arrecadando andarilhos bêbados para aconselhá-los com seu extenso saber.

No momento estava um tanto tonto, sua nuca latejava com a dor de uma batida recente, por isso postergaria qualquer tentativa de respostas até que se sentisse menos pior.

Como costumeiramente, Jimin estava sem energia ou disposição para tentar levantar-se do chão sujo no qual foi descartado. Porém antes que pudesse decidir se voltava a dormir ou não, as mesmas vozes que antes murmuravam agora começaram a falar tão alto quanto suas gargantas permitiam, ou talvez fossem apenas os tímpanos do pirata que voltaram a funcionar.

- Não disse que ele ainda estava vivo? - comentou um homem, que parecia não estar muito longe, soando tão discreto quando um cavalo cor de rosa ao falar do Park.

- Mas ele parecia mais morto que vivo quando jogaram a carcaça dele aqui ontem. - respondeu outro, com uma voz rouca e zombeira.

Esse não estava errado, de maneira alguma, pois Jimin sequer sabia como pôde despertar e se conseguiria se levantar daquele piso lamentável, tal qual um morto recém posto no caixão. E assim como um, não se deu ao trabalho de prestar atenção em sequer mais meia frase da conversa ao lado, cansado demais para escutar.

Enquanto se concentrava apenas em suas dores, Jimin se arrastou para trás até encontrar uma parede para se escorar. Estava dolorido e fadigado, o zumbido horrível em seu ouvido já sumira, contudo ainda restava uma dor extremamente incômoda no corpo inteiro, como se estivesse pesado e esmagado, um completo saco de batatas podres.

No dia anterior ao ataque, ele, o velho e o boi passarão por uma pequena vila constituída por cerca de cinco casas modestas, miúdas de chão batido, porém que compunham uma perfeita harmonia com a paisagem exuberante de montanhas rochosas em sua respalda, verdejantes dos pés ao topo, em um esplendor tão imenso que fazia o misero humano assemelhar-se a uma pulga diante sua grandeza.

Ao conversarem com os moradores dali, Jimin percebeu que a imagem do velho era guardada com muito afeto e afinco por cada um.

O velho não carregava nada valioso ou extraordinário consigo, exceto o boi que curiosamente ainda permanecia vivo, mas mesmo sem possuir muitos bens e sequer ter uma personalidade ou aparência aprazíveis, foi recebido com tantos sorrisos e alegria que até surpreendeu o pirata. Pois a imagem que Jimin possuía dele era nada mais que a de um velho quieto e calmo, que economizava ao máximo suas palavras, senão para fazê-lo questionar cada decisão que já tomou na vida . E apenas isso, não alguém propenso a despertar tanto carinho em outrem.