Isca para peixe

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#CapitaoDevilFish

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O pescador andava saltitante pela passarela de madeira escurecida do cais com um sorriso orgulhoso brilhando em seu rosto, e o motivo de sua alegria era o saco que carregava embaixo do braço esquerdo, cheio de moedas.

Não fazia muito tempo desde que atracou seu navio pesqueiro, ele havia conseguido uma grande quantia com todos os peixes que pescaram, e agora recém tendo voltado do último armazém que comprou seu produto, ansiava voltar logo para sua embarcação. Foram tantos meses velejando pelas águas escuras e profundas até as ilhas Filipinas, contudo, contava os segundos para voltar para o mar, seu verdadeiro lar.

Quando parou na frente de seu navio, olhou para o alto, acima do palo mayor, onde sua ponta tocava o sol que brilhava grande. Estava próximo do fim da tarde, ele e seus homens deveriam se apressar para não zarpar durante a noite, mas antes que entrasse para ajudar sua tripulação, foi parado por alguém da embarcação ao lado.

- Capitão Park! Já está indo? - perguntou um velho conhecido seu, outro pescador que atracava naquele porto, esse que Jimin sabia ter um contato com piratas americanos.

Só de pensar naqueles ladrões um arrepio subiu por sua espinha, foram tempos difíceis.

- Estou sim, por quê? - disse impondo uma postura intimidadora, não ia muito com a cara do homem. Claro que ele não era nem um pouco bonito, com sua barba de aspecto imundo e pele que exalava uma mistura fétida de peixe e rum, o que de qualquer modo não era incomum. Mas tinha algo mais que o incomodava naquele pescador.

- Entendo. - disse em tom zombeteiro, repuxando um sorriso malicioso em seus lábios e pulando da embarcação, se aproximando de Jimin.

- O que está insinuando? - indagou, um tanto ofendido pelo tom do outro.

- A fera. Não me diga que não sabe nada sobre? - o outro pescador tirou uma folha amarelada e maltratada do bolso, com o desenho de uma criatura meio humana, meio peixe; uma sereia. - Dizem que os navios que entram na rota leste para as pequenas ilhas naufragam por causa dessas criaturas. Os poucos sobreviventes afirmam ser um mar de sereias.

O capitão Park pegou a folha em mãos rispidamente e olhou atentamente para aquele desenho; a única coisa que sentiu foi repulsa, não da imagem da fera, mas de suas lendas em si. Achava ridículo o povo cultuar tais criaturas, como se fossem de fato reais.

- Balela. - contrapôs, achando aquilo a maior estupidez que já ouvira em toda sua vida, um mar de sereias? Sentiu vontade de rir, mas apenas amassou a folha e pôs em seu bolso. - Isso não passa de história para criança dormir.

- Antes fosse, mas me diga meu caro amigo, uma mera história valeria duzentas mil moedas de ouro na capital?

Os olhos de Jimin se arregalaram, era uma quantia exorbitante, tão grande e impossível que só poderia ser mais uma fraude.

Cansado de falar com o homem, deu de ombros e voltou para o seu barco.

- Ainda acho uma mentira, porém divirta-se caçando o imaginário! - gritou, já passando da embarcação atracada próxima a sua.

O barbudo riu atrás de si e também voltou a sua nau - Você é um homem irredutível senhor Park, sua reputação precede. Garanto a você que se eu e meus homens acharmos a criatura, lhe daremos uma moeda!