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O alvorecer se erguia lentamente ao seu auge, sendo acompanhado dos pescadores que eram arrancados de seus sonhos pela luz dos raios cálidos de um sol desanimado.

O mormaço veranil fervia todo o interior do navio e dos corpos que começavam a se movimentar pela nau, mas mesmo com o suor abundantemente que explodia pelos poros de toda tripulação, o capitão se sentiu frio, gelado, quase hipotérmico ao deixar os braços aconchegantes do seu monstro do mar preciso.

Já se faziam dias desde que começaram a compartilhar seus momentos mais íntimos um com o outro, quando compartilhavam seus sonhos e ressonares. Mas mesmo em todo conforto oferecido pela presença um do outro, Jimin se mantinha preso a uma infinda insônia, que o perseguia mesmo no paraíso.

Não era de se admirar seus nervos estarem a flor da pele em plenas sete da manhã, ou o brotar de uma veia pulsante em sua testa.

- Como você pode ser tão ignorante e incompetente? Você é o mestre do navio, esses assuntos são de sua responsabilidade! - já brandava ele, às sete da manhã, enquanto esmagava seu cigarro ainda aceso na palma da mão - Se eu fosse um deus, capaz de resolver todos os problemas desse inferno de navio, não existiria um cargo para você ocupar!

Eles esbravejava, enquanto caminhava a passos pesados para o outro lado daquela embarcação agitada, onde o primeiro imediato gritava comandos, onde as redes eram postas aos mar e onde a frota incansável de tubarões já rodeava os arredores em busca dos peixes aglomerados.

O senhor de pele enrugada, cabelos grisalhos e barriga arredondada assentia a cada palavra rude, escondendo inutilmente seus pensamentos revoltados por estar recebendo ordens de um pivete, de um tirano, de alguém que não merecia aquele posto, de um depravado.

- Mas capitão, eu achei que o senhor gostaria de saber que dois dos nossos morreram e-

- Achou errado! - interrompeu o velho, fulo e raivoso como aqueles tubarões - Velhote, você já não é experiente, hm? - indagou em deboche - Se sim, você deveria saber que tais informações você deve passar ao primeiro imediato, aí sim, ele me contará. Agora, não se finja de idiota e despeje a carcaça desses moribundos no mar, ou será que preciso por alguém mais novo no seu lugar?

O velho apenas deu as costas ao capitão, sem ao menos lhe responder, indo realizar sua tarefa de despejar os cadáveres que tiveram suas almas arrancadas pela febre tifóide.

Tal ação só fez o sangue de Jimin borbulhar ainda mais, o forçando até mesmo a rezar para manter a calma. Agarrando-se ao pingente em seu pescoço, subiu as escadas em direção ao timão, desejava comandar ao menos a carcaça de madeira, essa jamais o trataria com desrespeito.

Jimin normalmente não agiria daquela forma se sua vida não andasse tão turbulenta, tão intensa. Pode soar incoerente, mas tempos antes sua figura era tranquila, paciente do seu modo, sorridente assim como era na presença de Taemin ou Jungkook; era respeitado, temido, mas adorado pelos seus marujos.

Tempos antes as malaguetas do timão tinham eram confortáveis de se segurar, estar no alto, no seu posto nunca era um fardo, tomar decisões também era difícil como agora, não o sufocavam, não deixavam um gosto ruim em sua boca ou uma dor nas juntas.

Naquela época, mesmo com todos os imprevistos, contratempos e até intempéries, jamais era demais, jamais lhe cansava ao ponto de um vento soprando para o lado contrário o querer incendiar o navio.

Seus cabelos negros como o céu noturno, que brilhavam no sol pálido, como as pequenas estrelas respingadas no grande manto, permitia sua mente dançar junto dos fios ao vento, desejando ser tão livre quanto a brisa; aos poucos voltava a se sentir mais leve, mais dono. Porém, infelizmente, naquele dia o único ar que soprava era quente, cortante e ácido, mas sua pele já se acostumaram com tais eventos a muitos anos.

Isca para peixeOnde histórias criam vida. Descubra agora