14•☠️

498 112 151
                                    

#CapitaoDevilFish

Escritora: Oimin95

Beta: sopejuun

☠️•Votem e comentem•☠️

Estava frio, uma brisa de chuva soprava calma sobre o mormaço primaveril, mas ainda sim ele se sentia congelar, como se depois do calor intenso e ardente, os polos tivessem sido trocados e de imediato uma camada fina de gelo começasse a se formar por todo seu corpo.

Finalmente era como se pudesse sentir a temperatura de sua pele, sempre tão gélida, sempre tão algida.

Seus olhos não podiam mais se abrir, seus braços não podiam mais se mover, ele apenas podia perceber e ouvir, como um som longínquo e distante um grito desesperado, uma súplica necessitada de uma voz conhecida.

"Não morra!" Ressoou baixinho em seus tímpanos quase adormecidos.

Ele se sentia ir, conseguia ver seu próprio eu se esvaindo e era tranquilo, era de uma calmaria inimaginável, de um conforto incalculável, era tudo que um coração poderia desejar. Mas antes de deixar aquele mundo, antes de tudo, sua cabeça deu um baque forte contra algo, antes de tudo, o mar feroz o impediu de ir adiante e o trouxe a força.

Centímetro após centímetro, a cada pedaço, a cada célula que o mar engolia, a cada escama que o oceano abraçava, quanto mais mergulhava mais se afogava, mais vivo se sentia.

Assim que seu peito esteve imerso, imediatamente suas guelras se abriram junto de sua boca que respiraram seu próprio ar afoitamente. Foi extasiante, foi revigorante, jamais havia pensado que voltar a água seria tão gratificante.

Podia sentir o cheiro, a fragrância familiar do mar salgado, do seu lar.

Não podia estar mais aliviado.

Ele nem abriu os olhos, apenas deixou aquela sensações apaziguarem seu cerne, aquele balançar brincar com os longos fios negros de seu cabelos, os fazendo flutuar como um tecido fino sobre as ondas.

Estava feliz, contudo, ainda fraco.
Tentou movimentar-se, mas todos seus músculos ardiam, seu estômago se contorcia, tinha fome, uma fome feroz que lhe roía até os ossos. Sem outras alternativas, deixou seu corpo ser arrastado lentamente para o fundo.

Muitos já se perguntaram e questionaram sobre o motivo de nunca, jamais, um único cadáver de uma tão estimada sereia havia sido encontrada em uma praia.

Tantas carcaças de peixes, baleias e outros animais em que seus corpos após perderem a vida, flutuaram em direção as correntes e encalharam-se na costa, mas ao contrário de tais criaturas, as sereias e os tritões foram feitos para serem um segredo da natureza, uma dádiva escondida que poucos podem ter a sorte de ver. Ao falecerem, invés de seus corpos boiarem em direção a superfície, eles se tornam pesados e afundam, fazendo parte da paisagem profunda, se misturando a areia e os corais.

E nesse momento, Jungkook se deixava ser cadáver, ir ao fundo e se camuflar na areia. Não tinha forças suficiente para caçar, então esperaria sua presa vir até si.

Enquanto afundava solenemente, abriu pela primeira vez seus olhos, mas ao invés de vislumbrar o arredor, seus lumes brilhantes correram rápidos para procurar o casco de um navio. Ao longe, avistou um, se movia rápido em direção a China.

Naquele instante, toda sua felicidade de estar de volta a casa evaporou, pois ao mirar a carcaça de madeira, pode sentir um peso em seu peito, um aperto no fundo da garganta e até uma ardência nos olhos. Algo estava errado, algo lhe faltava. Sentiu saudade, um sentimento tão ambíguo, tão  traiçoeiro, tão ardido, tão… cruel.

Isca para peixeOnde histórias criam vida. Descubra agora