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☠️• AVISO: ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS FORTES•☠️


E lá estava ele de novo, e de novo e novamente, repetindo inúmeras e incontáveis vezes a única coisa que parece ter nascido para fazer; correr.

A flor corria e segurava as pétalas em seu braço para que não caíssem, para que não murchasse e morresse.

O corredor era mais fino que os outros, espremia-se no vão apertado enquanto tentava fugir daquele lugar e achar a casa com uma árvore na frente.

Estava triste, com medo e dor. Sangue fluía do buraco em seu braço e lágrimas escorriam dos buracos de seus olhos. Havia sido deixado sozinho novamente, abandonado por quem deveria cuida-lo.  Às vezes acreditava que isso é um ciclo que sempre se repete em sua vida, que se estagna e não evolui. O que ele evoluiu até agora?

Nada.

Ainda era um garotinho assustado que fugia para longe dos problemas, que chorava e procurava o carinho e compaixão de estranhos. Ainda era covarde, ainda tinha medo do escuro e das sombras do dia, ainda temia as portas e janelas, ainda temia tudo e todos.

Quando pararia de fugir e temer? Quando trancaria o pé na soleira e se recusaria a ir embora? Quando seria dono de si?

Será que já havia sido algum dia?

Taemin não sabia, só corria. E correu até virar a esquina e ir para o fundo, onde tudo era escuro e nenhuma vela iluminava seu caminho. Aquele lugar era como um cômodo escondido entre as paredes, era como se ninguém vivo soubesse de sua existência. Estava tudo tão calmo e silencioso que parecia sequer pertencer ao Beco, como se a porta em que Pequeno o empurrou dava a um outro lugar, uma rua longe da batalha que eclodia aos montes, longe do sangue e da morte.

Não gostava de Pequeno. Não depois do que fizera para o tritão, porém algo dentro de sí sentiu falta e quis voltar, quis a presença risonha e irritante, quis não estar sozinho.

Mas sozinho ele foi até bater de cara em um tronco grosso e velho; era a árvore, ele havia chegado. Tateou no breu até finalmente alcançar a casa, onde tateou novamente para se guiar entre entre os cômodos simplórios.

Depois de cambalear e chocar-se nas paredes, finalmente tropeçou em uma caixa de madeira, essa que escondia a passagem de sua fuga.


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À essa altura a chama se tornara pó e o sol, longínquo e inalcançável bola de fogo, subia aos céus para iluminar o mundo por completo, exceto o interior frio e escuro daquela pequena e escondida caverna, que abrigava nada mais que duas almas deleitando-se da mais pura sonolência.

Já era manhãzinha, Jungkook acordou logo que o sol nasceu, à sua volta tudo permanecia como se fosse noite e por mais que o ambiente o incentivasse a voltar a sonhar, o tritão preferiu olhar seu sonho pessoalmente.

Ele estava ali, dormindo profundamente em seu colo, ressonando aconchegado em seus braços, exatamente como meses atrás, completamente confortável e seguro.

Não podia culpa-lo, não o olhando desta forma serena, porém, não poderia permitir que esse momento durasse por muito mais tempo, que Jimin dormisse mais ou que permaneçam ociosos na caverna enquanto outra lua ascende aos céus. Mas não podia culpa-lo por descansar, afinal, ele não via a si mesmo, não podia enchergar a bagunça que estava seu próprio corpo.

Mas Jungkook via, Jungkook tocava e se entristecia com todos os ferimentos e contusões, com a palidez e magreza. Estava tão debilitado, mas dormia tão aconchegado, como alguém teria coragem de quebrar tal momento genuíno?

Isca para peixeOnde histórias criam vida. Descubra agora