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Oimin95

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Há um som que zombe e brilha na mente dos amantes, uma melodia de piano que tilinta no pé do ouvido daqueles que foram apanhados e enfeitiçados pelo olhar de um alguém, que, sem beneplácito, entrou e roubou todo o controle daquele coração. E completamente cativado pela canção, o peito dança e a alma sorri quando recebe o riso de outrem, quando toca a pele e desnuda-se da carne e dos ossos para mostrar-se só o espírito.

E ele se seduz e se envolve no canto lírico da sereia, na voz enfeitiçante e no corpo penetrante, que invade a mente e os desejos dos homens, e que invadiu e encheu o pirata de genuíno desejo.

E o tritão, causador de tanto encanto, se desmancha em chamas nas mãos do rude e ínfimo humano, dançando a dança dos amantes, experimentando o sabor viciante da luxúria e do êxtase que cada passo da coreografia lhe oferecia.

E os sons ininterruptos, inconfundíveis e incontroláveis, como uma orquestra, como um coro, se tornando uma nova música, uma nova melodia que regia o momento e conectava com tamanha profundidade as almas dos corpos que se fundiam em um, em mil, em um milhão de sensações compartilhadas no espaço tão pequeno de uma cama, de uma quarto, de uma casa, de um único mundo.

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Para alguns a música toca alegre e o som que invade a mente transforma tudo em alegria e calmaria.

Para outros, o som que emana de todos os cantos, de cada fresta, de cada rocha ecoa na mente como um trovão, que perturba e queima as entranhas em dor e desespero. Que faz o corpo se contorcer em agonia e o ar faltar em asfixia.

Esse é o som, essa é a sensação de perda e culpa, esse é a canção que atormentava Feng Jin enquanto caminha de volta ao que sobrou do Beco, com um garoto loiro a tira colo. Não conseguiu parar de pensar no que a prostituta disse, durante todo o caminho ficou remoendo a decepção de não ter encontrado Pequeno e a descoberta de que havia dado fim a tudo que mais desejava.

Quando chegaram nos portões, agora destruídos e despedaçados como bolachas, e foram em direção ao hotel, Taemin pode ter um vislumbre do que era um verdadeiro confronto entre dois grandes exércitos. Haviam bolas de canhões espalhas entres os destroços das paredes, pessoas sujas e de feição abatida carregando os corpos para serem preparados para um enterro digno, cadáveres caídos pelo chão de forma tão abundante quantos as folhas que caiem das árvores.

Era tanto sangue, tanta morte, tanta destruição que o garoto não conseguia acreditar que podia existir algum verdadeiro motivo para haver tal carnificina.

E talvez nem existisse.

Mas seguindo caminho entre os mortos, a dupla chegou ao hotel; oh pobre hotel, tão desmantelado quanto tudo à sua volta, quanto a vida de Taemin, quanto o coração de Feng Jin. Estavam todos assim, destruídos e cansados, desmotivados de seu presente e seu passado.

Após passar pela porta arrebentada, Feng Jin encarregou alguém de cuidar do garoto e outra de achar alguém que soubesse a língua dele, pois precisaria de mais informações mais tarde. E logo depois foi enclausurar-se em seu quarto, que, por sorte, ainda estava de pé.

Desde pequeno ele não era alguém que se importava muito com os sentimentos das pessoas a sua volta, sempre observava e estava atento aos fatos, sabia de muita coisa, mas se abstinha de entrar mais a fundo. Constantemente nos cantos, atrás das caixas, entre as cordas, escondendo-se atrás das velas, assistindo a vida dos outros, como se seu único papel fosse de telespectador, e se focou tanto nisso durante os anos em que passou naquele hotel que sequer percebeu que algo acontecia dentro de sí e de outra pessoa.

Isca para peixeOnde histórias criam vida. Descubra agora