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Oimin95

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O cheiro era húmido, quente, forte de maresia, e a asfixia, tão tão salgada como se devia. E o calor gelado da criatura frígida, que lhe esquentava e lhe congelava ao mesmo tempo, que o carregava em seus braços por um caminho de morte e afogamento para salvar-lhe a vida.

Aqueles braços que tanto lhe faltaram, aquela pele fantasiosa que sempre estava na tenuidade entre homem e peixe, aquele ser mitológico, tão incrível, tão magnífico, tão seu estava ali, segurando-o firme enquanto nadava velozmente na profundeza da água.

Não sabia para onde seria levado ou se respiraria novamente, só sabia que iria para qualquer lugar que seu tritão quisesse levá-lo, fosse emergir em vida ou perecer no fundo do azul tormenta.

E no final, quando esqueceu-se do ar e até a visão completamente embaçada e turva do que acontecia consigo dentro d'água, sentiu a angústia que o acorrentava e esmagava seu coração a muito tempo se desfazer sobre as mãos forte e invencíveis do tritão que um dia nomeou ser Jungkook.

....

Pouco demorou para que sentisse a lufada de ar em seus pulmões novamente. Água escapou aos montes de sua gorja enquanto o oxigênio fazia entrada instantânea e mais uma vez, quando emergiu do profundo mar, venceu o afogamento.

Quando recuperou o fôlego e junto dele seus sentidos, finalmente pode parar e respirar com calma. Tudo aconteceu rápido demais, sequer teve tempo para entender o que acontecia, uma hora estava acorrentado esperando a morte e na outra seu tritão volta das profundezas da incerteza e o tira de seu mártir.

Tão rápido e tão pouco justo.

Jungkook estava ali, na sua frente, o rodeando com seus braços como se nem um único dia tivesse passado desde o dia em que sumira, como se nunca tivesse pulado no mar e desaparecido, deixando um buraco de aflição no peito do pirata.

Lutou por um grande tempo contra os fatos até finalmente aceitar sua provável morte, estava aprendendo a conviver com o luto de duas pessoas amadas, mas no fim foi tudo em vão, pois ali estava ele, ante si, vivo, respirando, existindo, ali, ao alcance de seus olhos e mãos. Inconscientemente poderia imaginar, ou apenas desejar, que Senjoo fizesse o mesmo e voltasse para si repentinamente, como se nada tivesse acontecido, injustamente.

Infelizmente o lugar onde estavam era escuro demais, sendo impossível de enxergar um palmo a frente, não podia ver nada além de um completo breu, só podia ouvir o som a água calma, correndo como por entre pedras e a respiração da fera próxima de si. Era silencioso, e quando a voz ressoou por todo lugar, seu coração bateu mais devagar.

- Jimin... - a doce e melodiosa voz chamou seu nome em meio a escuridão.

Seu nome deslizou pelos lábios da fera com tamanha doçura e encanto, tornando um simples nome em uma súplica teatral, em um poema magistral e  em uma canção surreal.

Era a mesma voz, não mudara nada, a mesma que reverberava em seus sonhos e lembranças, a mesma vivida da qual ansiava ouvir todos os dias e que desejava lembrar-se de cada vez que foi dirigida a si. E quando ecoou por seus ouvidos, foi como vê-lo novamente. Vê-lo em sua cama, sorrindo e conversando, vê-lo em sua poltrona sério estudando, vê-lo aprendendo os idiomas dos diversos livros nunca lidos de sua fajuta biblioteca, foi como tê-lo de volta para si.

Mas por mais doce que fosse, Jimin não respondeu ao chamado, pelo contrário, começou a falar suas próprias palavras.

Ainda estavam na água, porém era calma e fria em meio a escuridão, Jungkook mantinha suas cabeças para fora, segurando o corpo sensível e ferido do pirata. Estavam colados naquele abraço quando Jimin fechou os punhos e começou a socar o peito do tritão com toda força que não tinha.

Isca para peixeOnde histórias criam vida. Descubra agora