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Oimin95
sopejuun
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Estava escuro, estava frio, tão gélido quanto um sopro de inverno, tão gelado quanto a derme de um certo alguém. Um breu alucinante lhe cercava, enquanto um manto húmido suspendia seus pés do chão e o som líquido zumbia em seus ouvidos.

Estava escuro, mas se abrisse os olhos, poderia enxergar.

Então, quando as pálpebras se separam pode-se ver um infinito aquoso em tons de azul e caligem.

Estava no mar, mergulhado no fundo, no vazio extenso onde não havia nada, nada vivo e nada morto, onde a luz alcançava fraca, cálida em feixes que a água permitia iluminar.

O som líquido era a única coisa que preenchia seus tímpanos, se não fosse por uma voz ambígua que lhe alcançaria antes que pudesse vê-la.

Era como se esse som alcançasse o oceano inteiro com uma voz que nunca ouvira, em um tom nunca imaginável. Era um cantarolar em outra língua, era uma mística distinta, hipnotizante, elegantemente canção.

Como se fosse a própria água, o fazia querer flutuar, sentia sua mente adormecer e acordar, místico, indizível.

E ao longe, dançando entre os feixes de luz surgiu uma criatura comprida, longa como uma cobra, serpenteando magistralmente entre o céu submerso.

A criatura tão bela, um tecido fino dançando e flutuando com vigor. Parecia não ter peso, parecia feliz, livre.

Estava longe, estava embaçado, mas a voz se tornava cada vez mais nítida, como um clarão, inesquecível, era... Jungkook.

Era Jungkook tinha certeza, se recordava muito bem das noites que se aconchegara nos braços gélidos e dormia sob uma calmaria que apenas aqueles lábios poderiam produzir.

Era Jungkook sim, podia sentir, afinal, qual outra criatura transmitia tanto vigor e beleza? Que outro ser seria tão alegre e encantador ao nadar nas profundezas?

Com quem mais poderia esbarrar, além dele?

Mas desta vez o som era diferente, a voz carregava consigo algo... Algo a mais.

Algo que o viciava, algo que precisava. Necessitado, estendeu os braços para nadar, estendeu as mãos para quando chegar poder se agarrar a ele e jamais soltar.

Jamais deixaria-o ir novamente.

Contudo, não se moveu, não pode sair do lugar. O oceano havia se tornado um imenso cubo de gelo, o congelando, o deixando imóvel. Mas, mesmo assim, tentou se debater, nadar, empurrar, mas nada adiantava.

Não podia perder a oportunidade, não podia deixá-lo ir para longe novamente, e se precisasse deixá-lo, queria apenas lhe dizer adeus, pois não pode fazer isso da última vez.

Mas não tinha forças para nadar, quanto mais força aplicava, mas fraco se tornava. Se debatia imóvel, angustiado e sufocado.

Então parou, parou quando sentiu seu corpo descer lentamente, sendo engolido por toda caligem.  Assim olhou para baixo e finalmente pode entender tudo; seus pés estavam amarrados fortemente a duas enormes pedras, tão grandes e imensas, tão duras e firmes que o carregavam para o fundo.

Finalmente pode compreender quando as rochas o pesavam, quando viu que o ar já não lhe pertencia, quando notou estar se afogando.

Ficara tanto tempo no fundo que não percebeu estar sem ar desde que mergulhou.

Isca para peixeOnde histórias criam vida. Descubra agora