9. Uma conversa longa

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Eu nunca ri tanto em toda a minha vida! É sério! Está decretado Kaio é o sujeito mais idiota da face da terra e se não fosse tão bonito duvido muito que teria conseguido beijar alguma menina.

_ Você está rindo porque não foi com você. Eu tomei um susto tão grande que pulei a janela do segundo andar! Ainda bem que a janela dava para uma varanda de telhas e a queda nem foi alta...

_ Bem feito! Você deveria ter caído e se estrumbicado!

_Mas eu me machuquei! Cheguei em casa todo arranhado e sangrando... Dona Dora ainda me deu uns tapas. - ele faz careta e depois sorri. Sempre achei o sorriso do Júnior lindo e vendo assim de perto parece ainda mais lindo.

_E essa foi sua maior arte? - dou um sorriso curiosa para saber mais.

_ Acho que sem as três mosqueteiras... Sim. Foi. - uma expressão pensativa paira sobre a face bonita dele. - Tem também o dia que arrumei a maior confusão com aquele namoradinho da minha irmã achando que ele tinha engravidado ela... - Kaio balança a cabeça e sorri. Tenho a impressão que ele nunca vai parar de sorrir porque quando um sorriso morre outro aínda mais bonito nasce lugar. - O garoto ligou Kate chorando! - dessa vez o sorriso dá lugar a gargalhadas - acho que ele se borrou todo de medo... Acho que nunca vi minha irmã tão desesperada ela contou a verdade na hora!

_ Nossa!!! Acho que de todas as vezes que nós aprontamos alguma coisa essa foi a pior.

_ Com certeza! - ele diz. - Seu primeiro beijo? - Kaio pergunta de forma simples.

_Depende. O primeiro que de verdade ou o primeiro em ambas as partes lembram? - acho fui irônica além da conta porque diante de mim tem rapaz de testa franzida e olhar confuso.

_ Como assim? - é nesse momento que tenho certeza que Kaio não se lembra de nada.

_ Eu beijei um rapaz... Ele me beijou e eu beijei de volta na verdade... - suspiro envergonhada - mas ele não se lembra, era Noite de Natal, ele estava bem alegrinho... Então é isso.

_ Alegrinho você quer dizer bêbedo? - a voz séria faz meu estômago tremer.

Aceno um sim olhando em direção a lagoa que se estende ao nosso lado.

_ Mas ele não se lembra... - dou um sorriso triste. Os olhos castanhos dele ficam firmes em mim.

_ Eu me lembro Samara. - a voz suave quase arrependida.

_Eu sempre pensei que não soubesse, fingiu que não acontecido nada no outro dia, parecia que estava correndo de mim.

_E estava!

_ Por quê?

_Eu tinha bebido suficiente para afogar o medo e a razão. - Kaio começa a se explicar. - sempre te achei tão bonita... - fico surpresa quando Kaio deixa um beijo suave nos meus lábios e coloca parte do meu cabelo atrás orelha com delicadeza. - tinha um tempo que eu queria te beijar... Estávamos sozinhos, ninguém para olhar, você era tão novinha... Era pra ter sido um só um beijo Sam e fomos muito além. Mais um pouco e a sua primeira transa teria sido aquele dia... Fiquei tão envergonhado, me senti um pedófilo no outro dia.

_Nossa! - é tudo que consigo dizer, apesar de achar tudo um tremendo exagero eu fico calada e desvio meu olhar do dele.

Tudo bem que Kaio Júnior era mais velho que eu mas, não era uma diferença assim tão grande para que ele pudesse se julgar um pedófilo! Talvez naquela época a diferença entre nós parecesse mais discrepante porque enquanto eu ainda estava entrando na adolescência ele estava saindo, eu se quer tinha entrado no ensino médio e ele cursava a faculdade...

Ok. Talvez ele estivesse certo... Não era o momento para algo tão decisivo quanto sexo, mas um romance entre nós era um sonho que eu teria o prazer de realizar, pelo menos naquela época.

_Eu tinha paixonite por você, um daqueles amores platônicos sabe?

Kaio sorri de leve e me beija.

_ Quer ir lá pra casa? - ele pergunta sem me dar muito tempo para responder porque volta a me beijar.

_ Você quer eu eu vá? - devolvo com um misto de curiosidade e ansiedade.

_Muito! Muito mesmo.

...

Depois de começar a ver um filme juntos e eu acabar dormindo pouco depois da metade acordo e fico um tempo olhando para o rapaz sobre a mesa de desenho distraído. Ele rabisca com o lápis na tela, olha para a escrivaninha rabisca mais pouco, acho que ele não tem ideia do quanto fica sexy assim concentrado.

Meu telefone toca e antes de atender vejo o nome de Scott brilhar na tela, são sete horas da noite e eu não falei com ele praticamente a semana toda. Meu namorado virtual vai querer que eu ligue a Cam e agora não é uma hora legal pra isso.

Coloco o telefone sobre o criado e vou até Kaio beijar-lhe o ombro ele está sem camisa, só com a calça, tão lindo sexy enquanto desenha. Tento espiar o que ele tanto se concentrava para fazer.

_ Estou desenhando um novo slogan para uma marca... - Kaio diz ao se virar e me abraçar. Preciso te levar embora - ele faz careta - sua mãe ligou.

_Eu disse que ia almoçar com você e voltaria a tarde.

_ Já escureceu linda. - Fecho os olhos com o carinho gostoso que ele faz no meu rosto com a ponto do nariz. - vou vestir uma camisa. - são suas últimas palavras antes de me deixar e caminhar em direção a gaveta de camisas.

Me sinto diferente, um calorzinho bom aquece meu peito, uma tranquilidade incomum como se tudo estivesse finalmente no seu lugar. Kaio veste uma camisa e me olha sorrindo eu sei que é hora ir por isso faço bico.

Nós nos beijamos por um tempo até ele voltar a se afastar e me levar para fora do seu quarto. Kate está na sala junto com os pais todos me comprimentam e a filha mais nova do casal me crítica por não ter saído com ela para ficar com irmão.

_Não é legal sentir ciúmes da namorada do seu irmão. - dona Dora diz me acolhendo em seus braços. - Vocês cresceram tão depressa! Quando Kate me disse que você e Kaio estão namorando... Nunca fiz tanto gosto. - sabe aquele momento na vida que você sente a última gotinha de Coca no deserto? É isso.

_ Também faço gosto! - senhor Kleber diz - só espero que essas visitas não dêem resultado daqui a nove meses! - completa.

_Vocês tem que se cuidar! - a mãe da minha amiga diz.

_Nós não... - tento dizer mas sou impedida pelo olhar mortal de Kate. - sim senhor.

_ Eu sei me cuidar pai, pode ficar tranquilo. - Kaio responde com um tom brincalhão. - Nada de netinhos agora, não da minha parte.

Fico um pouco sem graça e vermelha porque estamos falando da minha vida sexual aqui.

_Mas não demore muito eu ainda quero poder ver meus netos crescerem. - Doralice diz simplesmente.

_Vou pensar mãe. - Kaio responde dando um abraço na senhora. - agora preciso levar a Sam antes que os pais dela resolvam me matar.

Nós despedimos da família Almeida e seguimos para minha casa. Me sinto feliz e leve e não me lembro de me sentir assim em nenhuma outra época.

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