48. Aniversário

33 6 8
                                    

Eu fico olhando para o Gregório dormir ao lado do nosso bebê, Victoria faz um ano amanhã. Esse um ano foi a jornada mais incrível que eu já vivi, no começo foi difícil, tive que viver em constante vigilância até que meu sangue se normalizasse. Gregório trocou o escritório pelo nosso apartamento nos três primeiros meses, depois foi voltando a rotina gradualmente.

Ele só voltou a viajar seis meses depois e nossos amigos e família fizeram uma escala por dois dias para ficarem comigo, confesso que senti uma mistura de sentimentos, me senti amada, cuidada e feliz por saber que poderia contar com eles, me senti triste e inútil porque eu não podia se ficar sozinha!?

No último dia da viajem do meu marido, e é oficial, nos casamos no civil no sétimo mês de vida da nossa filha. Foi uma cerimônia simples e muito íntima, um canal de TV chegou a oferecer dinheiro ao Gregui para uma exclusiva. Foi engraçado ver a revolta dele e incrível ouvir ele dizer o quanto me amava.

Então, segundo e último dia pela manhã, para minha total surpresa, Kaio estava na minha porta segurando uma mochila. "Vim cuidar de você morena!" Ele disse. Kaio se sentou na sala e ficou lá enquanto tomávamos café, vi ele me olhando cuidar da Vic, brincou com ela um pouco e depois voltou ao trabalho.

Almoçamos juntos, ele até me ajudou a dar comida para minha filha. Apesar de termos condições nem eu, nem o meu marido aceitamos ter uma babá, pelo menos não depois do segundo mês quando eu já estava melhor.

Nós queríamos fazer isso, queríamos cuidar do nosso pequeno pacotinho rosa, era nossa obrigação como pais. No começo eu ainda estava fraca e precisava de cuidados talvez mais que o bebê por isso Sabrina foi contrata para ficar com ela.

Eu amo meu marido e o homem que ele é, não posso dizer que não medo de uma traição, apesar de ouvir todo mundo dizer que ele não faria isso. Só o medo de me perder já é o suficiente para ele não olhar para nenhuma outra mulher. Eu espero que seja mesmo assim.

Fiquei com um medo tremendo durante dois meses depois do nascimento da Victoria porque não tivemos nada muito íntimo, não que eu não quisesse, segundo o médico era melhor esperar um pouco e meu marido seguiu a risca todos os cuidados médicos.

Quando nos tocamos foi como a primeira vez, cheio de amor, carinho e desejo. Com direito a jantar a luz de velas.

Olho outra vez para meus preciosos bens e para mensagem no meu celular.

E aí? Você vai contar?

Kaio me mandou essa mensagem porque ele acha que meu marido vai ter um pequeno ataque quando souber do nosso segredinho, eu não queria, aconteceu. Foi bem sem querer e eu sei que apesar de tudo tenho contar logo ao Gregório antes que ele descubra sozinho.

Vou contar hoje antes do aniversário. Acha que vou acabar com a festa?

Acho. Conta depois da festa, vou deixar uma unidade do SAMU na sua porta.

Murmuro um idiota achando graça do que Kaio escreveu. Ele nunca mais tentou nada, disse nada. Apesar de continuar chamando meu marido de cara. Sempre rola alguma implicância, mas hoje, parece que ele faz só por implicância mesmo.

Eu não sei o que aconteceu com ele, talvez eu tenha perdido algum detalhe, eu não sei, Kaio nunca me contou o que aconteceu. Sempre que questiono ele diz que "eu só percebi que te amo de um jeito diferente e nós dois sabemos que eu amo melhor assim."

Realmente ter o Kaio como meu amigo e cúmplice é melhor do tê-lo de outro jeito.

Eu tive dúvidas no começo, quando ele entrou na minha vida outra vez, eu tive medo de ainda ama-lo e por isso eu permiti que ele se aproximasse e descobri que eu amo, amo muito, não como um dia eu amei, como um amigo, um irmão.

Pensando bem, acho que vou levar algum tipo de sedativo e você conta quando ele tomar. Uns vinte minutos depois.

Idiota! Eu preciso que ele esteja bem sóbrio para contar, isso é uma coisa séria!

Quer que eu conto?

Não... Eu quero contar.

Apesar de estar com medo da reação do Gregório eu sei que tenho que contar e ninguém pode fazer isso por mim, só eu. Acho que ele vai ficar decepcionado, mas, o que eu posso fazer? Tenho que contar, não é como se pudesse mandar isso em segredo para sempre.

...

Minha sogra se despede de nós na porta. A festa foi num salão mas entre trazer os presentes e o resto do bolo acabamos precisando de ajuda. Dou um abraço nela e agradeço fechando a porta em seguida.

_Então o que tem para me contar? E não me diga que vai trocar por aquele cara! - apesar do sorriso no rosto do Gregório eu sei que ele tem medo disso.

_Como sabe que quero te contar alguma coisa.

_Seu amiguinho me disse.

_Kaio é linguarudo! Primeiro você tem que se sentar. - digo me sentindo ansiosa e com medo, é agora - eu não queria que tivesse acontecido, nem sei como aconteceu! Quer dizer eu sei como aconteceu é só que...

_De quanto tempo está?

_Oi!?

_Você vai me dizer que está grávida de novo, certo?

_Como...?

_Eu notei as mudanças tem quase um mês.

_Eu descobri tem uma semana!

_Eu sei. Vi o teste na bolsa. Você tem que encontrar lugares melhores, ou parar de me pedir as coisas! Quanto tempo?

_Um mês e semana. - digo olhando para o chão. - me desculpa.

_Não tem que pedir desculpa meu amor, fizemos isso juntos, está tudo bem. Eu que tenho que me desculpar por falar besteira outra vez.

_Não está com medo!?

_Morrendo! Mas vamos ter cuidados redobrados, principalmente com você, vai dar tudo certo! Eu sei que disse que não queria mais bebês, mas foi porque tenho medo, muito medo. Eu te amo.

_Eu também te amo.

Em poucos momentos eu me senti tão tranquila, estava com medo de que Gregório se irritasse, ele disse outro quando estávamos na casa da família dele que outro filho de jeito nenhum, nada de bebês etc. Agora eu percebi que era só o medo dele falando.

Tudo bem ele ter medo, eu tenho coragem para nós dois e uma certeza de que não vou me afogar.


Fim.

Ensina-meOnde histórias criam vida. Descubra agora