29. Não!

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_ Sam... - seus olhos se enchem com as lágrimas prestes a descer, ele sabe, eu sei, todos nós sabemos.

É nesse momento que descobrimos que o amor não é o suficiente para manter duas pessoas juntas. Porque eu amo o Kaio, amo com todas as minhas forças e sei que ele me ama mas, eu nunca seria feliz com todo esse ciúmes, eu teria medo e coisas assim tendem a evoluir para um caminho muito ruim.

_Não... Não Kaio, eu não posso! Não quero ter que passar por isso, olha o que você fez? Por ciúmes! Não faz sentido, não faz. Você não confia em mim e... Eu não quero viver com medo. - todos ao nosso redor nos olham enquanto Kaio se ajoelha.

_Por favor...

Meus soluços começam a sair sem parar, lágrimas grossas embaçam minha visão, estou sufocando, o ar não entra, enquanto choro alto, me ajoelho no chão e passo a mão sobre o rosto de Kaio. Eu o amo tanto!

_Eu vou vou te amar para sempre, mas, não. Não vamos continuar eu não posso e não quero. - um último beijo e me ergo.

Passo por todos ainda sem reação, subo as escadas correndo e quando chego no quarto pego tudo que consigo e coloco em uma mochila, outras coisas em uma sacola. Faço tudo tão depressa!

Trombo com Kate no corredor.

_Você vai deixar meu irmão? Porque está deixando ele!? Samara ele te ama, isso é só ciúmes...

_Não... Ele está doente, não percebeu? Esse ciúmes não é normal!

_O que você quer dizer!? - ela pergunta cheia de uma raiva que não entendo, eu não tenho culpa.

_Que seu irmão precisa se tratar...

_Você não pode falar uma coisa dessas! Não pode terminar com ele! - eu começo a ficar nervosa porque Kate está nervosa, é claro que ela ficaria do lado irmão, brigar com outro cara por causa de ciúmes parece ser normal para ela, não pra mim. - ele vai te pedir em casamento...

Casar com Kaio parecia um sonho, parecia maravilhoso, era tudo que eu queria. Agora eu não sei! Tenho medo.

_Me desculpa Kate. - é tudo que eu consigo dizer antes de sair carregando uma mala pesada e sacolas. A sala está vazia só o bolo e salgados sobre a mesa.

_Eu te ajudo com isso. - senhor Kleber diz tranquilo.

Ele carrega a mala até o carro e me leva até em casa em silêncio. Agradeço de coração partido, eu não queria que as coisas terminassem assim.

...

Minha melhor a vida toda parou de falar comigo, meu ex... Bom, não tinha como ser de outro jeito. Tati estava dívida então eu facilitei pra ela e disse que podia com ficar Kate, ela precisava de apoio.

Eu fiz o que as pessoas fazem quando perdem algum amigo, eu chorei. Chorei por quase todo o mês. Enquanto meu namorado insistia em tentar me fazer mudar de ideia.

Era tarde de sexta-feira, eu estava sozinha em casa e chorando outra vez porque estava sentindo falta das minhas amigas e com ainda saudades do Kaio. Tinha perdido algum peso durante esse mês de solidão e me sentia horrível e incapaz de recomeçar.

Era um daqueles dias em que a menstruação se aproxima e você se sente a pior versão de si mesma. Talvez um chocolate ou sorvete me alegrasse, uma coisa qualquer... Mas, não, eu não tinha a menor vontade de comer e com meus pais em outra viagem eu não tinha ninguém para me vigiar.

Em algum momento entre chorar e dormir vendo um filme meloso na TV da sala eu acordei com o barulho alto no quintal, me levantei com a visão ainda embaçada e atordoada de mais para pensar que talvez ir até porta para ver o que estava acontecendo era perigoso e uma atitude bem inconsequente.

Por sorte, ou azar o autor de tamanho barulho e bagunça era meu ex-namorado que deve ter inventado qualquer desculpa idiota para entrar na casa do meu vizinho subir pela churrasqueira e pular na garagem de casa, porque nosso vizinho Godofredo já nos viu muitas vezes juntos e sabe do tempo de amizade que nossas famílias já tiveram um dia.

_O que está fazendo aqui?! - pergunto com minha voz tão baixa e tão rouca que estranhei a mim mesma.

_Eu sabia que se tivesse tocado você não me deixaria entrar, não atende minhas ligações, não responde minhas mensagens. Precisava tomar uma atitude... - ele diz se aproximando de mim - Você estava chorando.

_Estava vendo um filme triste. - minto tão descaradamente que me assusto.

_Não chora Sam, eu amo você, amo tanto que dói! - ele diz - Volta. Me perdoa, me dá só mais uma chance eu juro não vou fazer isso de novo. Por favor.

Seus dedos compridos tocam meu rosto e volto a chorar, porque eu amo ele, amo com tudo que há mim.

_Eu também te amo. - abraço Júnior com força e no segundo seguinte estamos nos beijando, um beijo cheio de amor, saudades, cheio do que sentimos um pelo outro.

O beijo se aquece e logo estamos nos desfazendo das roupas, desesperados por mais proximidade, por mais um do outro.

Passar o fim de semana com meu namorado grudado ao meu corpo, recebendo seus cuidados e carinhos era tudo que meu coração precisava para parar de sangrar.

Ele colocou a caixinha sobre a minha mesinha de estudos ontem depois que tomamos banho. Deitada na minha cama eu penso nas palavras do Kaio.

_Não temos que fazer isso agora e não precisamos correr com nada, eu sou seu Samara. Comprei ele para você, pensando em nós, não precisa usar agora. Um dia quando estiver pronta ele está aqui, é seu, é isso que eu quero com você, é o que eu quero de você.

Sorrio sozinha, eu vou usá-lo amanhã, vou esperar ele ir achando que não aceitei seu pedido e lhe fazer uma surpresa.

Estou muito feliz!

Preciso dividir isso alguém e meus pais estão em outro país, lá já é tarde da noite e eu não vou acorda-los por isso.

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