45. Fique viva

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Gregório

Acordo com uma movimentação no quarto, tem uma agitação aqui, me mexo na poltrona um tanto confuso. Sempre tem alguém entrando no quarto, a enfermeira vem e coloca um termômetro na Samara, afere a pressão, confere o soro, dá os medicamentos que ela precisa tomar.

Agora, porém, tem três pessoas aqui...

Por quê?

Estou muito cansado, eu não disse nada a ninguém, não iria dizer para que me mandassem embora e eu perdesse a oportunidade de ficar com minha esposa aqui. Não mesmo! Já me sinto culpado por não estar com ela no momento que ela precisou.

Eu estava com um estranho pressentimento de que se viajasse alguma coisa ruim fosse acontecer, pensei que fosse comigo, imagens do filme "Premonição" invadiram a minha mente sem que eu pudesse controlar.

Desde a ligação da Samara, na noite em que foi trazida ao hospital, eu não durmo direito. Estou preocupado com minha esposa que não para de sangrar. A líder das enfermeiras achou que ela ainda estava sangrando muito, que não era normal. O médico que fez o parto foi chamado e ele disse que era normal.

Hoje durante o nosso segundo dia ela deu um pouco de febre e reclamou de dor. Olho para um aparelho que não estava ali enquanto desperto. Meu cérebro parece despertar seguido do meu coração que acelera.

Medo...

Muito medo!

Quando me ergo da poltrona um homem, médico, entra no quarto.

_Tirem ele daqui! - o homem manda e uma enfermeira vem na minha direção.

Reage, por favor, fique viva! - minha mente diz. Eu não sei quando foi a última vez que eu chorei, não antes de agora.

_O senhor tem que sair. - a jovem coloca a mão no meu braço tentando me arrastar para fora do quarto.

Eu não entendo nada de primeiros socorros, enfermagem, medicina ou seja lá o que for, mas sei exatamente o que está acontecendo, o coração dela parou. O órgão vital. Eu não consigo imaginar uma vida sem minha minha mulher, uma vida sem a Samara ao meu lado.

_Por favor senhor, tem que sair. - ela insiste.

_Não. - respondo com olhos no que está acontecendo a minha frente.

_Senhor...

_NÃO! - eu grito.

Eu acho que nunca gritei com ninguém depois de entrar na vida adulta, principalmente com uma mulher, uma pobre mulher que estava fazendo o seu trabalho. Me arrependo logo seguida quando vejo a expressão assustada da mulher.

_Ela voltou! - a mulher que formaçava o peito da Sam tentando ressuscita-la sorri.

_Isso. - a outra que auxiliava diz.

_Levam-na para o UTI. - o médico levanta o lençol e faz uma careta séria. - prepare duas bolsas de sangue, quero uma ultra agora, um hemograma completo, um eco.  Qualquer coisa me avisem imediatamente. - o médico dá as ordens e  as mulheres começam a se mover. - você é o marido da senhorita...

_Samara. Sim, sou eu.

_Precisamos conversar.

Apensas aceno com lágrimas no olhos.

Por favor Sam, fique viva!

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