13. Fica comigo.

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Chegamos na casa do Kaio as quatro e meia da manhã, nunca cheguei tão tarde em casa, se bem que não tinha ido para casa.

_Vamos tomar um banho e dormir. Eu estou morto. - ele resmunga trancando a porta e tirando a blusa no caminho para o banheiro. Me sinto um pouco sem graça, não entendo muito porque, já tomamos banho juntos e não tem nenhuma parte do meu corpo que seja novidade para ele... é, talvez tenha. - Você não vem? - Júnior pergunta na porta. - se não tomar um banho vai dormir no sofá.

Sorrio com a brincadeira e caminho até onde a porta do banheiro, ganho um beijo estalado antes que meu amigo entre pela porta. Tiro minha roupa cheia de uma timidez que não deveria existir, entro no banheiro tentando cobrir meus seios e sentindo meu rosto esquentar.

_Não acredito que está vergonha de mim! - Kaio se vira me dando privacidade.

_Ainda é meio estranho... Desculpa! - peço.

_ Não precisa se desculpar, eu posso esperar você terminar e tomo meu banho depois.

_Não Kaio! Só estou um pouquinho tímida, é tudo muito novo. Eu gosto dessa liberdade que você me dá, gosto dessa coisa que temos, gosto muito. - eu sinto como se tivesse feito uma declaração de amor e acabo ainda mais envergonhada quando ele se vira e coloca seus olhos escuros sobre mim.

Eu não sei que tipo de feitiço é esse, eu não consigo entender como Kaio Almeida Júnior consegue mandar no meu corpo, ele não precisa me tocar, é só olhar pra mim desse jeito, com esse ar de safado e pronto, sou uma marionete nas mãos dele. O pior é que eu não consigo reclamar.

São só alguns beijos e toques para que eu esteja implorando por dentro, implorando por mais dele...

Estou com as pernas envoltas em seu quadril e os braços grudados em seus ombros quando encontramos juntos um delicioso orgasmo. É tão perfeito e certo, tudo parece se encaixar e me pergunto se será sempre assim entre nós. Ele liga o chuveiro e me guia até a água quente.

_Eu não usei camisinha. - ele diz de forma simples.

_Kaio! - chamo sua atenção.

_Eu vou comprar pílula antes de te levar em casa. - ele parece inquieto e meio que de mal humor.

_Eu tomo anticoncepcional Kaio! Não é por isso.

_Eu nunca tinha feito isso antes. - ele dá ombros - Estou limpo, eu acho. Posso fazer um exame amanhã mesmo e te dar. - estranho um pouco o tom sério.

_Não precisa fazer isso. Só...

_Não me fode sem camisinha de novo. - ele me lança seu sorriso cafajeste.

_Isso foi tão... indecente. - resmungo desviando meus olhos dos dele.

_Eu sei... - ele sorri - não tem com o que se preocupar, não vai mais acontecer.

Essa primeira vez que vejo Kaio mentindo escancaradamente, ele nem se preocupou em esconder seu sorriso depois de mentir descaradamente. Dou um tapa no braço dele indignada por ele mentir assim na minha cara sem um pingo de vergonha.

_Desde quando toma pílula? - Júnior pergunta me dando a toalha.

_Tem uns dois anos eu acho. - respondo com a verdade.

_Por quê? - Kaio me joga uma camisa de tecido molinho eu visto antes de responder.

_Eu tinha mais de dezoito podia acontecer a qualquer momento, conhecer alguém legal e rolar. Aí eu pensei que talvez o rapaz não tivesse muita experiência, poderia colocar a camisinha errada e ela rasgar, sei lá. Eu não tenho a menor vontade de ser mãe antes trinta, quero me formar ter uma carreira primeiro.

_Você é sempre tão calculista... As vezes deveria deixar as coisas acontecerem, nem tudo na vida você vai conseguir controlar Sam, algumas coisas saem do nosso controle e não há nada que possamos fazer. - Júnior se deita e me chama para deitar também dando duas batidas na cama ao seu lado.

_Eu consegui controlar tudo até hoje, não sei o que não poderia ser controlado. Somos nós que decidimos o que queremos ser, que escolhemos entre sim e não, fazer ou não fazer, ficar e ir.

_ Nós não decidimos se vamos nos apaixonar, acontece. Não escolhemos gostar da pessoa A ou B elas só nos cativam. É assim que acontece, não tem controle.

_Eu escolhi não me apaixonar por ninguém durante todos esses anos, até tive uma quedinha por alguém, - na verdade foi um precipício e foi por você, - nada que não curasse logo. - Coisa de três anos!

_ Tenho inveja do seu controle. - Kaio sorri e abraça, me viro de costas ficando de conchinha enquanto ele nos cobre com um cobertor quentinho. - boa noite Sam.

_Bom dia Kaio.

Nós dois sorrimos e logo pegamos no sono.

Meu telefone não para de tocar e eu solto um gemido de pura frustração. Quem em sã consciência me ligaria? Abro os olhos tentando me localizar, Kaio ainda está com os braços ao meu redor, ele nem se mexe! Me levanto trocando as pernas e pego o celular no bolso da calça que vesti ontem.

O nome do Scott brilha tela, me pergunto o porque dele me ligar tão cedo, meu cansaço porém é muito maior do que a curiosidade por isso rejeito a ligação e voltou a me deitar.

Scott liga mais duas vezes e eu rejeito as duas e mando uma mensagem dizendo que depois ligo pra ele, só assim ele para de me ligar.

São duas da tarde quando acordo com Kaio traçando seus dedos de vagar pela minha barriga, por debaixo da blusa. O toque carinhoso dele me faz querer beija-lo, nosso beijo é meio torto e acabo achando engraçado mas a graça vai embora e meu riso morre assim que ele se ajeita atrás mim.

Não é só sexo, constatar isso me fez tremer. Talvez não tenha sido nem na nossa primeira vez ou em qualquer outra que veio depois, é o carinho, o prazer, a cumplicidade e confiança. Eu me entrego inteira a ele porque confio no irmão da minha amiga, ele não é capaz de me machucar.

Kaio murmura algumas palavras e beija minha cabeça e ombro, não é uma bagunça é como se ele quisesse que demorasse mais. Posso ouvir sua respiração pesada no meu ouvido e ouvi-lo fazer elogios ao meu corpo.

Ele se agarra a mim e muda um pouco nossas posições, então os sons dos seus lábios ficam mais altos e tudo para. Mesmo com nossos corpos grudados um no outro, mesmo com o silêncio, que paira no ar eu posso ouvir e sentir o quanto nossas mentes gritam em conflito e cada célula de nossos corpos parecem querer se fundir uma na outra, uma luta é travada dentro de mim e tudo parece rodar em volta do quarto.

_ Kaio... - eu o chamo ainda presa em seus braços.

_Não diz nada, só... Me deixa ficar aqui mais um pouco, fica comigo.

_Eu não quero ir a nenhum outro lugar...

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