41. Péssima hora...

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Guardo o resultado do teste de gravidez na minha bolsa com uma velocidade que não me é característica, ainda mais agora.

_Vamos? - meu noivo estende sua mão para que eu pegue sem perceber o que eu fiz.

Eu o abraço apertado, queria poder arrancar essa dor que ele sente.

_O enterro vai ser a que horas? - pergunto um tanto constrangida.

_As duas. - ele responde depois de soltar o ar com força.

_Eu sinto muito amor. - digo. Eu realmente sinto muito que o avô dele tenha falecido principalmente agora que ele deveria estar muito feliz.

_Eu sei... Obrigado! - Gregui tenta um sorriso.

Entramos no carro em silêncio e seguimos até o lugar onde seu avô será enterrado. Quero esperar esse tempo passar para contar a ele sobre a gravidez.

Chegamos no lugar cheio de pessoas vestidas de roupa preta, o clima está péssimo, ninguém esperava que o simpático senhor fosse ter um enfarto, assim, tão de repente.

Me aproximo da minha mãe e da minha sogra que conversam em canto do lugar. Gregório está lá, perto do caixão, junto ao corpo que um dia foi seu avô.

_Ela não vai falar nada com ele por enquanto. - minha mãe diz.

_Ela deveria contar. - minha sogra responde.

_Seria péssimo ela contar agora, seu filho está sofrendo com a morte do avô. - minha mãe diz, ela não sabe manter a língua dentro da boca.

_Oi... - Digo ao me aproximar.

_Acabei de saber, que notícia maravilhosa! Parabéns. -  Dara diz sorrindo.

_Eu não contei ao Gregório ainda, acho que vou esperar um pouco... Ele parece tão abatido. - resmungo.

_Ai está um motivo para contar. Ele vai ficar feliz!

_Não sei... - olho para onde meu noivo está e o vejo se aproximar de nós. - meu corpo se agita.

_Mãe, dona Zélia, bom dia. - ele diz, sua voz está mais grossa e ele está muito abatido.

_Sua vó Carmem disse que vai deserdar você. - minha sogra brinca com o filho que sorri.

_Ainda bem que a Sam não engravidou, seria uma péssima hora! - perco completamente a cor e olho para minha sogra assustada.

_ Gregório! - Dará repreende o filho mas eu já estou me sentindo mal com tudo isso. - Filhos são uma dádiva, não diga uma coisa dessas nunca mais!!! - ouço a voz da minha sogra agora bem distante, tento respirar mas o ar não entra.

Meu coração parece não bater e a visão está escura, tento puxar o ar, tento me manter em pé só para perder totalmente o controle e desmaiar.

...

Acordo me sentindo estranha, minha coxa direita dói muito, meu corpo parece pesado.

_Oi. - a voz do meu noivo chega aos meus ouvidos.

_Oi. - respondo, não consigo sorrir me sinto triste e preocupada com o bebê agora.

_Eu sou um péssimo noivo, me perdoa, estou muito arrependido do que disse.

_Hum... - o que ele disse?

_ Sobre o bebê ser uma coisa ruim. - Gregório pega na minha dando um aperto leve. - Eu estou muito feliz!

_Você não me parece feliz. - respondo ao analisar meu noivo.

_Estou preocupado com você Samara. Você está com uma anemia considerável, o médico passou algumas vitaminas e disse que você precisa de repouso, muito repouso. Nossa gravidez é um pouco delicada.

_O que você não está contando? - pergunto sentindo um medo estranho se aproximar.

_Temos uma gravidez de risco. Sua placenta descolou um pouco e você está com anemia profunda. - ele fala de uma vez, os olhos estão cheios d'água - não vai poder voltar a trabalhar...

_Sério!? - pergunto querendo chorar também. - Eu... O que eu fiz de errado?

_Não meu amor, você não fez nada. Mas precisa se cuidar, precisa comer bem e tomar vitamina, fazer seu controle e... Precisa ficar comigo.

_Ficar com você? - Sorrio - Acho que moramos juntos, não tenho muita escolha... - brinco.

_Te amo. - ele diz.

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