Enviar para tocantins

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Juliette passou o fim de semana inteiro investigando sobre o passado de Anitta. Pesquisou sobre os amigos, família, e teve que, para sua infelicidade, investigar sobre o marido. Pelo pouco tempo que trabalhava na Chetrit Machado não tinha ouvido muita coisa sobre o homem. Para ser sincera, nem se lembrava de ter visto.

As fotos que achou do casal eram sempre em premiações e eventos da alta sociedade Carioca. Michael era um homem atraente, mas como já nutria antipatia por ele, só o classificava como padrão. Era alto, atlético, moreno e com barba fechada. Um pouco menos reservado que Anitta, só se encontrava algumas matérias sobre ele, como uma que falava sobre a sua paixão por remo. Que esporte mais patético para se escolher fazer. Pensou Juliette, enquanto via as fotos do homem se exibindo no barquinho dele.

 — E aí, minha Glória Maria, achou alguma coisa?

Giulianna vestia a sua típica roupa de academia quando entrou no quarto da amiga. Era final da tarde de domingo, e como todo domingo, o tédio pairava como uma névoa sobre o apartamento, engolindo as colegas de quarto.

 — Nada muito interessante. Você conhece o marido de Anitta?

 — Michael Chetrit?

 — Esse mesmo.

Giu se sentou ao lado de Juliette, tomando o notebook para si. Rolou os olhos pela matéria que se mantinha em aberto, analisando tudo minuciosamente.

 — O comentário que roda por aí é que ele é um grande banana.

 — Que roda por aí?

 — É, amiga. Sabe, os administradores também são fofoqueiros, e bem, a empreiteira é famosa na cidade. Tradicional, cheia de história e muita obra. Mas o que roda por entre os donos dos altos cargos é que o Michael é só um peão. Ele é um ótimo gestor, mas as conquistas não batem com o perfil dele.

 — Conquistas? Como assim perfil?

 — Tá lerda demais, Juliette.

 — Eu tô, Giu. O pior é que eu estou.

 — São só fofocas, é claro, ninguém sabe de nada concreto. Mas as pessoas acham o Michael reservado demais, pouco assertivo, muito emotivo para tomar conta de uma puta empresa como é a Chetrit Machado. O antigo presidente, pai da Anitta, era muito respeitado por ser diplomático demais. As pessoas admiravam ele, a gestão dele, como ele conduzia as coisas. Isso não acontece com o Michael.

 — Talvez ele seja mais na dele, isso não é um pecado condenável.

Giu deu de ombros, deixando o notebook na mesa lateral da cama.

 — Não faz. Mas ele é um puta gostoso, ein? Anitta é muito bem servida, que homem!

 — Nada demais, só padrão.

Desdenhou Juliette, fechando o notebook e o guardando sobre a mesa de estudo.

 — Será que isso aí é ciú...

 — É tédio de domingo, isso sim. E aí, o que vamos fazer hoje?

 — Pizza, filme, um suquinho natural... Topa ou nem?

 — Pior que isso, só o fantástico.

(...)

Na segunda de manhã, Anitta passava por uma imensa dor de cabeça. A conferência na sexta-feira de madrugada não tinha sido boa e para seu descontentamento não tinha achado uma solução para o problema. Precisava transformar aquelas negativas em uma oportunidade, mas estava cheia de amarras. Pensou em chamar o pai para um conselho, mas que mulher liga para o pai pra pedir arrego? O grande orgulho não permitia que ela tomasse tal atitude mesmo que desejada. Queria ouvir sua experiência, mas preferia buscar uma solução sozinha.

Fortuito - JunittaOnde histórias criam vida. Descubra agora