Tudo com você

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Juliette sentia que estava vivendo seu próprio inferno pessoal. Depois de ligar para a emergência e pedir por socorro, a estudante percebeu que Anitta não estava mais acordada. Foi nesse momento que sentiu que não tinha forças para seguir com a vida, não sem a mulher do seu lado. Gritou, chorou, tentou acorda-la, mas antes que pudesse ter êxito, uma equipe de paramédicos chegou e a afastou da mulher que amava. Dali em diante, Juliette se recordava de poucas coisas.

No caminho até o hospital, Anitta acordou algumas vezes, mas não conseguia ficar com os olhos abertos por mais que alguns segundos, mas mesmo de olhos fechados, a executiva sentia sua mão entrelaçada na de outra pessoa. Ela sabia que era Juliette ali.

No domingo de manhã, o Rio de Janeiro estava em chamas. Assim que os jornalistas souberam sobre a briga e o tiroteio na casa dos Chetrit Machado, começou a briga por quem noticiaria primeiro aquela desgraça. O Brasil inteiro ficou na expectativa e curiosidade para saber o que tinha acontecido na noite do sábado. Mas o que fez tudo chegar ao caos já calculado por Anitta anteriormente, foi na segunda de manhã, com a notícia das investigações da PF na operação "Herdeiro". Desde então, metade dos jornalistas do Rio estava no prédio da empreiteira e a outra metade no hospital em que Anitta estava.

Abrindo os olhos com dificuldade devido a claridade intensa do lugar, Anitta recobrou a consciência aos poucos. Piscava os olhos seguidas vezes, tentando se acostumar com o ambiente, mas a curiosidade era absurda. Queria levantar e ir investigar onde estava. Assim que tentou erguer o tronco da cama, ouviu alguém lhe chamar e a segurar contra o colchão confortável.

— Ei, fica deitada aí, idiota.

— Viviane?

Encarando o rosto sereno da amiga, Anitta olhou para o lado, notando vários aparelhos e fios ligados ao seu corpo.

— Meu Deus! Eu morri e tô no inferno!

— Nossa, Ani, esperava um pouco mais de consideração depois de salvar seu rabo pela sei lá qual vez.

Sentindo a boca seca, Anitta tentou um sorriso, mas saiu mais como uma careta de dor.

— Eu sei que estamos em um hospital. Mas em qual estamos, Vivi?

Suspirando por saber que dar as notícias para Anitta não seria uma tarefa fácil, Viviane puxou uma poltrona do quarto e se sentou próxima de onde a amiga estava.

— Agora estamos em um hospital particular, o hospital da Andressa.

— Agora?

— Escuta, mulher! Sua namoradinha ligou pra emergência, e se ela não tivesse feito isso, agora você estaria no inferno abraçando o capeta e dando dicas pra ele de como ser perverso. Você foi levada pra um hospital público onde cuidaram de tudo, inclusive sua cirurgia foi feita lá.

— Cirurgia?!

Ao perceber os olhos arregalados de Anitta, Viviane se xingou por não ter ido com mais calma ao dar aquela notícia. Devia tomar mais cuidado ou ia fazer a mulher ter uma síncope ali mesmo.

— Você levou um tiro, achou que ia para o hospital fazer o quê?

— Para de me fazer sentir burra, Viviane. Eu acabei de levar um tiro.

— O tiro acertou o seu fígado, você perdeu muito sangue, tiveram que fazer a cirurgia para conter a hemorragia. Depois disso, trouxemos você pra cá, o hospital da Andressa.

Tentando pensar a respeito daquelas informações, Anitta se lembrou de outra pessoa importante naquela história. Olhando para Viviane com medo de perguntar e ouvir uma resposta negativa, a executiva engoliu em seco e não foi preciso dizer nada para a advogada entender o que ela queria.

Fortuito - JunittaOnde histórias criam vida. Descubra agora