O descontrole

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Anitta estava com o coração em paz depois de finalmente convencer a mãe de seguir o seu plano. Era arriscado, a mulher sabia que era, mas era o único jeito. Anitta sabia que o pai de Juliette não estava blefando, e não demoraria muito para ele pôr as mãos em algo comprometedor o suficiente para colocá-la na cadeia. Não arriscaria, e não era nem por si, mas sim por Ohana e Viviane. Elas não podiam ser presas por seus erros.

Depois de uma despedida calorosa com o pai, deixando o casal em Miami, Anitta pegou o primeiro voo de volta ao Rio. Estava tão ansiosa para encontrar Juliette que não cabia no peito. Enviou diversas mensagens para a estudante antes de entrar no avião comercial e tentou conter o coração enquanto esperava mais de doze horas de voo.

Juliette estava contando os minutos para ver a executiva. Como combinado, Anitta voltava na segunda de manhã e já tinham marcado de se encontrarem assim que ela chegasse de viagem. Era um fato que a paraibana estava curiosa para saber o que tanto Anitta escondia, mas a curiosidade perdia para a saudade. Deus! Como sentia falta da carioca.

Assim que viu o carro chique estacionar na frente do seu prédio, Juliette correu pelo hall de entrada, saindo afoita ao encontro da mulher. Antes mesmo que Anitta pudesse raciocinar, a mais nova pulou em seus braços, entrelaçando as pernas na sua cintura. Se beijaram apaixonadamente, sem se preocuparem caso alguém visse ou deixasse de ver.

— Meu Deus! Isso tudo é saudade?

Anitta riu assim que Juliette quebrou o beijo, encarando os olhos castanhos com ternura. A executiva estava tão fodida, mas tão feliz por estar.

— Tu nem imagina.

— Acho melhor subirmos. Quero matar a saudade que estou de você.

— De que forma? l

— Juliette...

— Estou brincando, meu amor. Vamos subir.

E depois de descer dos braços da mulher que amava, Juliette entrelaçou as mãos e guiou a carioca pelo prédio. Estava com o coração a mil, com medo do que aconteceria logo depois, mas feliz por estar com Anitta.

— Vamos pro quarto, amor. Quero matar a saudade desse corpo no meu...

Puxou a mais velha pela sala de estar, mas a mulher não podia fazer aquilo. Não ainda, ao menos.

— Eu sei que vou me arrepender disso, mas não. Não agora, Ju. Eu preciso falar contigo, abrir o jogo pra você. Me escuta, por favor.

Franzindo as sobrancelhas ao ouvir a negativa, Juliette soltou a mão de Anitta, a encarando com curiosidade.

— Tudo bem, amor, vamos conversar.

Caminharam até o sofá da sala, sentando uma ao lado da outra. Anitta estava ansiosa para contar as coisas que precisava, mas tinha medo de ter uma reação negativa da estudante. Juliette podia estar apaixonada, mas ainda possuía algumas ressalvas em relação a sua moral e ética. Podia ir pra cadeia, e não se importava, só não queria ser rejeitada pela jovem.

— Eu consegui convencer os meus pais a aceitarem meu divórcio. Você se lembra de quando te contei que se me divorciasse, perderia tudo? Eu não menti. Quando eu e o Michael assinarmos os papéis do divórcio, todo o patrimônio no meu nome, vai para ele. Mas dinheiro não é a questão aqui. Eu vou acabar travando uma guerra com a família dele e com outras pessoas. Vai ser difícil, Ju, mas eu garanto que nada vai acontecer com você.

— E por que aconteceria?

A pergunta inocente fez Anitta engolir em seco, pois por mais que desejasse abrir o jogo sobre os negócios da família, a mulher não conseguia, temia receber um fora de Juliette. Se tudo ocorresse como tinha calculado, a estudante nunca precisaria saber das coisas que fizera durante o ano que assumiu a diretoria executiva da empreiteira, e tudo iria ocorrer como tinha planejado.

Fortuito - JunittaOnde histórias criam vida. Descubra agora