Coincidências evitáveis

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Naquela madrugada, Anitta se manteve acordada pensando sobre o beijo trocado com Juliette na entrada do flat. Nem nos seus sonhos mais deliciosos imaginaria ter um momento com a jovem depois de tudo que aconteceu. Havia agido errado lhe oferecendo dinheiro, mas tinha se desculpado também. E quem teve a iniciativa do beijo foi Juliette, aquilo devia significar alguma coisa. Ou não significava nada?

Deus! Anitta sentia a cabeça fritar com tantos pensamentos. Se não tivesse as respostas que queria, teria de ir atrás delas. Não podia deixar tudo o que estava acontecendo para trás, não agora que Juliette havia se tornado tão especial.

Não estava apaixonada, era um fato, mas queria explorar mais os sentimentos que tinha em relação a estudante. A verdade é que seus dias já não eram mais os mesmos, havia entrado em um estado de negação muito grande, se colocado em risco, colocado os negócios da família em risco. Não podia cometer esses erros novamente.

E não cometeria. Não ia cometer os mesmos erros, pois agora iria tomar cuidado. Sabia até onde Juliette poderia chegar e faria o possível para ela não precisar ir às vias de fato. Faria isso e conquistaria aquele coração de pedra, tudo ao mesmo tempo, era Anitta Machado, tinha tudo que precisava para alcançar os objetivos.

(...)

Depois de passar mais uma madrugada abrindo o jogo para Giulianna, Juliette teve uma noite de sono péssima. O que a levou a agarrar Anitta daquela forma? Deus! Estava ficando maluca. O beijo era delicioso e a pegada única, mas a mulher não era flor que se cheire, além, é claro, de ser casada. Que loucura tinha se metido? Ainda faltavam meses para o término do contrato de estágio, ela só queria esquecer toda a história e fingir que nunca aconteceu. Mas nem sempre o que queremos é o que temos, e a adrenalina que sentia toda vez que estava com a mulher era inexplicável.

— E aí, como foi a aula?

Giulianna esperava a amiga afim de pegar uma carona até o apartamento para se arrumar e ir encontrar Ohana. Era uma manhã de sábado e devido a uma greve recente, os estudantes foram obrigados a repor algumas aulas no final de semana, isso incluia Giulianna e Juliette, que apesar de odiarem a situação não tinham muito o que fazer.

— Tranquila. Tô com moral com o professor depois do documentário. Acho que vou bem nesse semestre.

— Não sei porque a direção insiste nessas aulas no sábado, nem o professor queria estar aqui. Perdi só tempo, porque a aula mesmo ele ficou devendo.

— Mas pense pelo lado positivo, tu vai sair mais tarde, vai dar uns beijinhos, jogar conversa fora. E eu?

Juliette deu de ombros, se conformando com a solidão naquele sábado, ao menos poderia assistir algum filme e adiantar umas coisas da faculdade, não era o fim do mundo não ter planos para um fim de semana.

— Bom, pelo o que eu estou vendo, talvez você vai ter um sábado melhor que eu. Não é por nada não, mas que sugar mommy você arrumou, eim! Que mulher gostosa.

Juliette encarou a amiga confusa com seu comentário, mas assim que seguiu o olhar de Giulianna, avistou Anitta encostada no próprio carro. A mulher trajava um look diferente do que estava acostumada a ver, um jeans e uma camiseta simples, mas o que atraía os olhares eram os óculos escuros extremamente sexy. Parecia estar esperando por alguém, mas Juliette queria acreditar que não era ela.

— Giu! Para de ser doida, eu não dei pra ela não. Já falei que dela eu quero distância!

— Percebi, agarrou ela porque queria dar o recado.

O comentário irônico de Giulianna só fez Juliette se irritar ainda mais com a presença de Anitta. O que diabos ela estava fazendo ali? Era no mínimo suspeito sua presença, alguém poderia desconfiar de alguma coisa e não queria ter seu nome ligado à mulher.

Fortuito - JunittaOnde histórias criam vida. Descubra agora