Vamos ter que dar um jeito na nova garota

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Juliette estava ansiosa desde que havia entrado no jatinho da família Machado. A jovem sabia que o relacionamento com Anitta não era o mais convencional, mas ainda era um relacionamento. Iria conhecer um pouco da história da executiva e isso a deixava ansiosa ao ponto de encher Anitta de perguntas durante o voo.

— Juliette, que curiosidade é essa?

— Sou jornalista por vocação, me conta um pouco sobre a sua infância, por favor.

Sem paciência para ir contra aquela vontade, Anitta resolveu matar um pouco da curiosidade da jovem. Afinal, não tinha mal algum, ou tinha?

— O que você quer saber exatamente?

— Tudo!

— Eu não lembro de tudo, Ju. Tenta ser mais específica, por favor.

A estudante se calou para tentar pensar em alguma coisa que queria muito saber, mas eram tantas e queria evitar as que terminariam em briga, como as sobre os antigos casos.

— Tá! Por que não fala sobre a escola?

— Eu odiava a escola! Só tinha filho de gente importante, um bando de idiotas. Sabia que fui expulsa da escola mais renomada do Rio?

Juliette nem podia fingir surpresa, pois era a cara de Anitta uma coisa daquelas.

— Não sabia, mas podia imaginar.

— Fui expulsa porque saí na mão com o filho do governador da época. Eu tinha onze anos e ele treze. Saí com a cara toda roxa e ele precisando de um dentista.

— Meu Deus! Anitta, que tipo de criança tu era?

— Vai dizer que nunca brigou na escola?

Juliette sorriu amarelo, pois a resposta era óbvia. Se aos vinte e dois anos ainda deixava se levar pela emoção, na infância e adolescência a coisa era muito pior.

— Não estamos falando de mim, estamos falando de você.

— Claro que estamos. O que mais quer saber?

— Você e sua família. Quase nunca te vejo falar deles.

Anitta suspirou olhando no rolex quanto tempo faltava para pousarem e darem fim aquele interrogatório, mas para a infelicidade da executiva, Juliette ainda teria mais trinta minutos de perguntas.

— Não falo deles porque não tem muito o que falar. Meu pai é um cara incrível, o melhor pai que alguém poderia ter, mas desde que assumi os negócios não tivemos tanto tempo juntos quanto eu gostaria. Minha mãe é... Difícil.

— O que tu quer dizer com difícil?

— Que ela é difícil, ué! O que mais difícil quer dizer?

Juliette sorriu, admirando o jeitinho da executiva falar. A jovem nunca tinha dito anteriormente, mas achava fofo toda vez que Anitta perdia a postura e falava com o sotaque carregado.

— Acho que entendi, vocês têm uma relação difícil.

— Achar uma vaga no shopping durante a semana do natal é difícil, minha mãe é como se fosse todas as pragas do Egito juntas em uma só pessoa durante o apocalipse bíblico.

Anitta suspirou ao ver a expressão incrédula de Juliette assim que terminou de falar. Não queria assusta-la, mas não conseguiu achar outra forma de definir a própria mãe. Apesar de achar que suavizou um pouco as características da matriarca da família Machado.

— Você está brincando, né?

— Qual a próxima pergunta?

E Juliette entendeu as entrelinhas. Deitou a cabeça no ombro da executiva e acariciou suas mãos. Estava tão em paz junto da mulher por quem estava apaixonada, que não queria quebrar aquele clima gostoso falando da sogra maléfica. Se a mãe de Anitta era tão ruim quanto a mulher descreveu, não queria nunca trombar com a velha, e se esse encontro dependesse da carioca, jamais iria acontecer.

Fortuito - JunittaOnde histórias criam vida. Descubra agora