Nós vamos pra cadeia

599 47 30
                                    

Após o pequeno conflito desencadeado na sala do seu apartamento, Juliette viu uma Anitta acuada dizer que ia embora, deixando a estudante sozinha com o pai. A tensão pairava no ar e mesmo sem entender de fato o que tinha acontecido ali, Juliette sentiu que coisas boas não seriam.

Seu pai estava nervoso, o rosto levemente avermelhado e a forma como andava de um lado para o outro estava começando a incomodá-la.

— O que foi isso, painho? O que aconteceu aqui?

Com a falta de resposta imediata, Juliette se colocou na frente do homem de idade, obrigando-o a ficar parado. Sentia tanta saudade de casa, mas com todo aquele caos não conseguia aproveitar a presença do pai.

— Não lhe quero próxima daquela mulher, estamos entendidos? Quero você longe!

— O que veio fazer aqui? Eu tô muito confusa, painho, por favor, me explique o que deu no senhor pra xingar a Ani daquela forma e praticamente expulsá-la daqui.

Ani?

O apelido foi praticamente cuspido da boca do homem. Era um pesadelo para o ex delegado. A filha que amava tanto e sempre protegeu, se envolvendo com a pior das mulheres de todo o Brasil. Juliette só podia estar equivocada quanto ao que sabia de Anitta, se a estudante soubesse o que a mulher fazia por debaixo dos panos, jamais ousaria cruzar o caminho com ela. Aquela não era a sua Ju. Sua filha estava diferente.

— Juliette, eu e sua mãe passamos o final de semana inteiro ligando! Onde você estava? Que livusia é essa de aparecer junto com aquela mulher?

— C-como assim? Fim de semana inteiro?

— Eu tive que vir pessoalmente pra falar com você, minha filha. Estou preocupado com o seu bem estar, e principalmente com as amizades que anda tendo por aqui.

— Eu e a Anitta não somos amigas, painho, nós estamos juntas. Estamos em um relacionamento.

O silêncio que sucedeu a declaração era quase ensurdecedor. O homem grisalho encarava a filha com descrença e confusão, completamente incrédulo com o que tinha acabado de ouvir. Não era possível que sua menininha estava dormindo com o próprio diabo na terra.

— Então é você a amante que tanto estão falando? Como pode fazer isso consigo mesma, Juliette!?

— Quem está falando o que? Por que não tenta ser mais claro? Eu estou confusa demais!

— Ju, você é a garota que aquela filha da puta está usando para se divertir e depois descartar igual lixo. Aquela mulher é terrível, ela é... Eu nem consigo definir o que ela é!

— Eu não sou como as outras mulheres da Ani, painho. Nosso envolvimento é diferente.

O homem suspirou olhando com ternura para a filha. Não conseguia entender como ela poderia acreditar numa mentira daquelas sendo tão inteligente como era. Talvez Anitta fosse mais ardilosa do que ele imaginou ser. Esperava tudo daquela mulher.

— Querida, não sei o que ela te contou ou o que prometeu, mas Anitta vai te usar até se cansar e depois vai te trocar por outra mais interessante. As pessoas que trabalham para essa mulher são maldosas demais, mas eles não mentem ao pensar isso sobre você.

Aquilo doeu profundamente em Juliette. Não acreditava naquela versão, mas ouvir o pai dizê-la, fez com que a estudante começasse a repensar seu envolvimento com Anitta. Seria possível ela estar só mentindo e fingindo a todo momento? Ela tinha dito que a amava, aquilo devia significar alguma coisa. Ou não significava?

— Ju, querida, tua amiga não presta. Você sabe que eu tenho amigos ativos na polícia, estão tentando pegar essa mulher há muito tempo, ela e toda a família dela. São um bando de vagabundos, criminosos da pior espécie. Escuta o que seu pai está falando, ela tem negócios com o senador Fávaro. O mesmo que está sendo investigado por tráfico de drogas. Entende onde quero chegar? Eu não vou deixar aquela mulher se aproximar de você!

Fortuito - JunittaOnde histórias criam vida. Descubra agora