Calar algumas bocas

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Anitta não podia estar mais em paz do que estava. Claro que essa realidade se aplicava somente a Juliette, já que o trabalho estava um verdadeiro caos. Havia conseguido conter a auditoria que Michael insistia em instaurar, mas a outra parte do trabalho não estava dando trégua. Precisava agir com cautela, mesmo querendo gritar com todo mundo que fosse contra suas ideias. Na tarde daquele dia, Anitta decidiu relaxar por um momento. Olhando o movimento das ruas pela janela de sua sala, teve uma brilhante ideia. Ia transar com Juliette contra aquela janela e seria naquele momento.

Saiu apressada pelos corredores do prédio, ignorando os olhares que desviavam até si. Odiava gente fofoqueira e naquele prédio tinha de sobra. Chegando no setor de Juliette, que em seu maior tempo sempre estava tranquilo, ficou extremamente séria e se dirigiu até o supervisor da paraibana.

— Preciso falar com a estagiária, volto com ela em alguns minutos.

O homem olhou assustado para Anitta, foram pouquíssimas vezes que viu a mulher ser tão incisiva como estava sendo naquele momento.

— Ela fez alguma coisa?

— Assunto que diz respeito à diretoria executiva, não ao seu setor.

Com aquela resposta atravessada, o homem entendeu que não devia fazer mais especulações a respeito daquele pedido. Se Anitta queria falar com Juliette, então ela falaria.

— Certo, fique à vontade.

Andando a passos largos, Anitta se aproximou da mesa de Juliette, que se mantinha entretida na tela do computador. A garota estava tão concentrada no que fazia que nem notou a presença imponente da mulher se aproximando.

— Minha sala, agora, senhorita Freire.

E saiu, esperando que Juliette a acompanhasse sem tecer muitas perguntas a respeito daquela situação. Não demorou muito, e lá estava a estudante ao seu lado, caminhando como se estivesse verdadeiramente nervosa com aquele chamado. Era óbvio que Juliette sabia do que se tratava. Anitta queria mais uma rodada de pegação em uma das salas privativas. E compartilhando do mesmo desejo, não se absteve ao chamado.

— Você tá uma delícia nesse jeans. Não vejo a hora de tirar ele.

O comentário malicioso que saiu dos lábios de Anitta quase fez com que Juliette sorrisse, mas sabia que se fizesse isso, iria acabar atraindo olhares indevidos. Então, apenas continuou andando ao lado da executiva até entrarem no elevador sozinhas.

— Essa merda tem muitas câmeras, se não tivesse eu já estaria te agarrando agora mesmo.

— E quem disse que eu iria te agarrar de volta, Anitta?

De braços cruzados a garota perguntou, lançando um olhar irônico à mulher. Quem Juliette queria enganar fazendo pose de durona? Era tão claro que desejava Anitta tanto quanto ela a desejava.

— Não precisa dizer, Juliette, eu sei.

— Prepotente.

Juliette olhava para Anitta com desejo, mesmo sabendo que era arriscado. Se não fosse pelas tais câmeras, já estaria enfiando a língua na boca da executiva sem nem pensar duas vezes.

— Gostosa. Uma filha da puta gostosa. É isso que você é, Juliette.

— Que o elogio sirva pra você, Anitta.

Teriam continuado com a troca de "farpas" se o elevador não abrisse no andar esperado, finalizando aquele breve embate. Andando lado a lado, as mulheres passaram pela mesa vazia de Ohana. Há uma distância considerável da porta de entrada da sala de Anitta, Hana buscava um café na copa do andar enquanto pensava na visita que aguardava a executiva no escritório. Conhecia a amiga o suficiente para saber que sua agenda iria ficar vazia a partir daquele encontro. No entanto, enquanto voltava com a xícara em mãos, pôde ver Anitta e Juliette indo em direção a porta, trocando sorrisos maliciosos. Droga! Aquilo não podia acontecer!

Fortuito - JunittaOnde histórias criam vida. Descubra agora