O atentado

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Anitta dirigiu pelas ruas do Rio, se esquecendo totalmente do próprio estado em que estava. A situação era tão inacreditável que a mulher só se deu conta do que tinha acontecido assim que entrou no elevador do prédio de Juliette e uma vizinha da estudante a olhou horrorizada. Ela estava com um corte na boca com sangue seco e a blusa de botões manchada de sangue do marido. Talvez fosse melhor ter passado no flat e tomado um banho antes de sair por aí, com um monte de gente a vendo suja.

— Boa noite.

Com um sorriso amarelo nos lábios, Anitta cumprimentou a jovem de no máximo vinte anos, que não conseguia tirar os olhos arregalados para as manchas vermelhas no tecido branco. Limpando a garganta, numa forma sutil de chamar a atenção da mulher, a carioca passou a desabotoar os botões da camisa, desejando que o andar de Juliette chegasse logo, mas parecia que aquele trambolho estava cada vez mais lento. Quando finalmente desceu no andar, Anitta usava apenas o sutiã e tinha a camisa suja sobre o ombro. Antes a vissem daquela forma, do que enxergarem o sangue de Michael.

Assim que bateu na porta, não demorou mais que poucos segundos para Giulianna abrir a porta e soltar um grito agudo ao ver o estado de Anitta.

— Tudo bem que eu não estou no meu melhor dia, Giu, mas achei que não fosse pra tanto.

Giulianna estava paralisada com os olhos arregalados olhando a situação de Anitta. Antes que a executiva pudesse pedir permissão para entrar, Juliette apareceu com um pano de prato no ombro e assim que viu a mulher parada sem blusa na sua porta, travou o passo, paralisando como Giulianna.

— Vocês estão me assustando.

— O que aconteceu com você, Anitta?

Juliette empurrou Giulianna da passagem da porta, puxando a carioca para o interior do apartamento. Estava assustada com o estado dela. O hematoma no canto da boca, a falta de vestimenta e a camisa sobre o ombro não eram vestígios de uma tarde calma e corriqueira. Havia acontecido alguma coisa com Anitta e a estudante estava assustada.

— Eu e o Michael tivemos... Uh, uma calorosa discussão.

— Seu marido te bateu?!

O tom de voz de Giulianna subiu vários tons, ocasionando uma pontada na têmpora de Anitta. Droga. Agora tinha que lidar com uma dor de cabeça aquela altura.

— Eu não classificaria assim, Giu.

— Tu brigou com o Michael?

Juliette se aproximou da mulher, olhando com os olhos atentos cada centímetro do rosto bonito para ver se achava mais algum hematoma se não o da boca, mas não achou. Se sentia aliviada por Anitta não estar machucada, no entanto, o alívio não durou mais que alguns segundos, já que a curiosidade lhe atingiu em cheio.

— Sim. Eu e o Michael acabamos nos exaltando e partimos para uma briga física.

Anitta sabia que aquilo não era uma grande verdade, mas também não era uma mentira. Omitia a parte que ela quem tinha começado e que mais tinha batido no homem, mas isso era só os pormenores.

— Vamos numa delegacia agora! Não podemos deixar aquele desgraçado te bater e sair impune.

Anitta até achou fofo da parte de Giulianna a atitude de lhe proteger, mas além de ser desproporcional ao que tinha feito com o marido, não podia envolver polícia. Estava correndo duro dos agentes, não queria mesmo ir numa delegacia.

— Se alguém tem que ir na delegacia, é ele, Giu. Sei que pode parecer mentira, mas eu te garanto que ele ficou na pior.

— O que aconteceu, meu amor? Por que vocês brigaram? Eu estou... Eu não sei nem dizer.

Fortuito - JunittaOnde histórias criam vida. Descubra agora