Anitta ouviu ser chamada à distância, mas ignorando quem quer que fosse, a mulher se virou do outro lado, sentindo a textura do tapete no rosto.
— Vamos, acorda, Ani.
Se agachando ao lado da mulher deitada, Michael empurrou a garrafa de vinho vazia para poder alcançar Anitta e fazê-la acordar. No entanto, também empenhada em não ser incomodada, ela nem se moveu com os pedidos verbais do marido.
— Ani, por favor.
Respirando fundo, a carioca tentou abrir os olhos aos poucos, se acostumando com a pouca claridade do cômodo em que estavam. Tinha bebido tanto na noite passada que nem se lembrava se tinha ido para o quarto ou apagado no escritório. Às vezes tinha vários apagões depois de beber nas noites livres, mas não se importava com aquilo, afinal a vida estava um verdadeiro looping irritante e entediante.
— Já está na hora da gente sair?
Com a voz rouca e baixa, a mulher perguntou, encarando um ponto fixo qualquer e se dando conta de que estava no quarto. Ao menos tinha conseguido ir para o cômodo, só não conseguiu chegar até a cama e apagou no tapete mesmo.
— Não, hoje é sábado.
— Ah, ótimo.
A ironia não passou despercebida por Michael, que já não tinha estrutura emocional para lidar com aquela situação. Estava vendo Anitta entrar num buraco que assustava qualquer um, até mesmo ele.
Anitta se levantou ainda tonta de sono, piscando os olhos diversas vezes e tentando enxergar melhor. Assim que a visão desembaçou, a executiva olhou o homem no meio do quarto a encarando com receio. Como se já não fosse ruim estar naquele buraco, ainda tinha que lidar com a pena de um fodido igual o marido.
— Estou preocupado com você, Ani.
Ignorando totalmente o que o homem falou, ela caminhou ainda em tropeços até o mini bar do quarto, olhando as garrafas vazias. Fez uma nota mental de que deveria trazer mais bebida para o quarto e voltou a caminhar, dessa vez até o banheiro.
— É sério, Ani.
— Eu preciso tomar um banho, Michael.
— Você precisa tomar rumo, isso sim.
Sem dar a mínima para o conselho do homem, Anitta começou a se despir, ligando o chuveiro na água fria.
— Vai ficar pra me assistir tomar banho?
Com a pergunta direta, Michael sentiu as bochechas corarem e negando com a cabeça diversas vezes, se virou de costas. Ainda queria falar com Anitta, mas não iria invadir sua privacidade.
— Eu vou te esperar lá fora.
Saindo do banheiro e deixando a mulher sozinha no banho, Michael passou os olhos pelo quarto bagunçado e com cheiro de álcool, sentindo uma enorme vontade de sair dali o mais rápido possível. Ignorando os próprios desejos de fugir, o homem passou a recolher do chão as garrafas vazias de vinho e whisky. Além do cheiro forte do destilado, o cheiro de cigarro era tão insuportável que ele quase desistiu da ideia de conversar com Anitta. Enquanto terminava de juntar todo aquele lixo, a carioca saiu do banho, usando um roupão e nada mais por baixo dele. Ela estava com uma dor de cabeça latejante, queria deitar na cama confortável e dormir pelo resto do dia. Odiava os sábados, pois era o dia que não tinha trabalho oficial para fazer e assim sobrava tempo para se afundar na sua própria desgraça.
— Michael, eu tô com a minha cabeça pra explodir. Vai embora.
— Eu trouxe um analgésico, tá aí em cima da mesa.
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Fortuito - Junitta
FanfictionJuliette não esperava muita coisa da faculdade. Tirar notas razoáveis, perder a linha em algumas festas, beijar muitos rapazes e moças, e claro, um dia se formar. Contudo, em caso fortuito, ela cruza o caminho de Anitta, executiva de altíssimo escal...