Anitta recebeu alta do hospital sob um batalhão de jornalistas curiosos e empenhados. A grande maioria questionava sobre as motivações do marido para a ter atacado, mas um ou outro levantava a participação da mulher nos crimes que surpreenderam a cidade carioca. Claro que sob supervisão legal, Anitta não abriu a boca para falar nada a respeito, de óculos escuros e acompanhada por seguranças, a executiva tentava alcançar o carro que a esperava.
"Anitta, foi crime passional?"
"Como passou seis anos sem saber das movimentações?"
"Anitta, o que a estudante Juliette Freire fazia na mansão quando seu marido atirou em você?"
"Por que a governadora aponta você como mandante e não o seu marido?"
Após mais de uma dezena de chamados, Anitta conseguiu finalmente entrar no carro junto de Viviane e Ohana. Estava ansiosa para saírem dali e ir embora o mais rápido possível, mas Anitta se intimidava com o tamanho da visibilidade que estava tendo nos últimos dias. A governadora Márcia Rocha não gostou nenhum pouco da rasteira que levou e da cassação votada no legislativo. Depois de diversas notas de assessoria dizendo que a mulher estava sendo vítima de um golpe, Márcia resolveu deixar a falsa inocência de lado e assumir as propinas que recebeu durante o mandato. No entanto, irritada e desejando vingança, a mulher dizia em toda coletiva de imprensa que Michael não estava atrás do esquema, mas sim Anitta.
Dizer era fácil, provar seria impossível.
— Você tem certeza que não quer ir para o meu apartamento?
Olhando o hospital ficar para trás, Anitta encostou a testa no vidro do carro, olhando para o celular à espera de alguma mensagem de Juliette. Tinha poucas horas que se despediram, pois ambas sabiam que não seria uma boa ideia deixarem juntas o edifício, ainda mais sobre tantas especulações quando a imprensa descobriu que Juliette quem ligou para a emergência na noite em que Anitta foi baleada. Mas a executiva estava há tanto tempo longe da estudante que seu coração quase não aguentava esperar ainda mais.
— Tenho. A Ju pediu para que eu ficasse no apartamento dela até eu me resolver com a Jéssica, com meus pais.
— Só não vai inventar estripulia com a sua novinha. Você acabou de levar um tiro, passou por uma cirurgia de risco, aguenta o seu fogo no rabo. Sexo só depois.
Revirando os olhos para o comentário inconveniente de Viviane, Anitta sentiu o celular vibrar e abrindo o aplicativo de mensagens viu que Juliette tinha mandado uma foto de um jornal local que estava ao vivo na sua saída do hospital.
— Olha o que a Ju me mandou.
— Eu odeio jornalistas. Um bando de sem noção, loucos por desgraça.
— Não fala assim, minha noiva é jornalista.
Sorrindo discretamente ao pronunciar o status que Juliette era para si, Anitta voltou a bloquear o celular, sentindo o coração bater mais forte em saudade.
— Você sabe que legalmente ainda está casada com o Michael, não é?
— Eu sei, Vivi, mas é por pouco tempo. Preciso que você providencie os papéis do divórcio o quanto antes. Pode dar tudo o que tiver no meu nome à ele.
— O que sobrou, você quer dizer. Mais de sessenta por cento do seu patrimônio foi para a Jéssica.
— Isso foi jogada de mestre, Ani, por que não me contou antes?
Olhando para a amiga e ex-assistente, Anitta deu de ombros sem ter o que dizer. Tinha medo de Ohana não conseguir lidar com a culpa de jogar algumas coisas nas costas de Michael, tinha receio de que a mulher não fosse capaz de viver tranquilamente a sua vida enquanto deixava um homem quase inocente sofrer na cadeia.
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Fortuito - Junitta
FanfictionJuliette não esperava muita coisa da faculdade. Tirar notas razoáveis, perder a linha em algumas festas, beijar muitos rapazes e moças, e claro, um dia se formar. Contudo, em caso fortuito, ela cruza o caminho de Anitta, executiva de altíssimo escal...