Fortuito - Junitta

Colega de faculdade

Anitta não estava nervosa e nem ansiosa por aquele encontro. Tinha ignorado todos os pedidos tanto da noiva quanto das amigas para que aquilo não acontecesse e escolheu obedecer a sua consciência. Não era uma mulher que voltava atrás quando decidia algo, e definitivamente aquele encontro já estava decidido antes de expor as pessoas. Ela entendia que Juliette estava preocupada e que não fazia por mal, se fosse o contrário também seria contra, sem sombra de dúvidas. Mas Anitta estava confiante. Com a pasta que abrigava o divórcio que tanto esperava, ela dividia com Viviane o elevador da empresa.

— Você vai mesmo me seguir?

— Não vou deixar você sozinha com ele, Ani.

— Foi a Ju que te pediu isso?

— Também, mas eu já estava decidida a entrar contigo antes mesmo do pedido. Só aceita e fica quieta.

Em silêncio, as mulheres seguiram até a sala do presidente. A jovem assistente de Michael arregalou os olhos ao ver Anitta caminhar com toda calma do mundo ao lado de Viviane, ela só se questionava se era mesmo necessitada para se propor a um trabalho como aquele.

— Senhora Machado, que surpresa vê-la aqui.

— Te digo o mesmo. Achei que isso ia fechar no dia seguinte.

Sem saber o que fazer ou dizer, a jovem só deu de ombros pois imaginava que nada que dissesse iria fazer a mulher mudar de ideia. Anitta já tinha invadido tantas vezes aquela sala que só sendo idiota para tentar impedi-la outra vez.

— Michael está?

— Sim, senhora.

— Ótimo, com licença.

Continuando o caminho com Viviane ao seu encalço, Anitta bateu na porta, entrando antes que tivesse autorização do homem.

Assim que os olhos caíram sobre a figura de Anitta, Michael sentiu novamente aquela onda de ódio lhe atingir em cheio. O homem se arrependeu profundamente de não ter matado a mulher. Se tivesse outra oportunidade daquela, Michael com certeza só iria embora depois de confirmar que Anitta já não estivesse viva.

— O que você está fazendo aqui?

— Vim trazer os papéis do divórcio, só assina que eu vou embora.

Ao ouvir a mulher falar o motivo da sua visita, Michael sorriu diabolicamente do outro lado da mesa. Aquilo ele não daria para Anitta, nem se ela se ajoelhasse pedindo.

Olhando para Viviane, Michael calculou que seria impossível terminar o que tinha começado no outro dia. Além de assinar sua sentença de culpado, a advogada não deixaria ele chegar perto de Anitta. Michael entendia que a executiva tinha coragem e imprudência, mas as pessoas ao seu redor não.

— Eu não assino porra nenhuma!

— Michael, vamos resolver isso da melhor forma. Assina o divórcio, você vai ficar com tudo que eu tenho...

— Você acha que eu sou idiota, Anitta? Eu tenho certeza que você usou um laranja pra ficar com os seus maiores bens. O que sobrou deve dar pra uma coca-cola e um pastel de feira.

— Se eu fosse você ficaria feliz por ainda comprar uma coca e um pastel de feira.

Ignorando Viviane, o homem se levantou e caminhou até o bar da sala, se servindo de um destilado qualquer. Agora Michael entendia mais do que nunca aqueles hábitos esquisitos de Anitta. Se não usasse o álcool como alívio de tensão, era capaz de ter um AVC a qualquer momento.

Olhando Anitta há distância, Michael bebeu um longo gole do destilado, oferecendo um copo no ar para a mulher.

— Você vendeu a nossa empresa sem a minha autorização, Anitta.