O final inevitável

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Anitta encarava Juliette dormir profundamente ao seu lado, alheia a tudo que acontecia ao redor.

Estava satisfeita em estar onde estava, feliz como nunca conseguiu ser em toda a sua vida, e o motivo dormia de uma forma tão envolvente ao seu lado.

A mulher se questionava sobre o tamanho de sua sorte. De tudo que já tinha feito, das coisas erradas que aprontou, mesmo com todo o seu currículo gigantesco, ela ainda foi presenteada com um amor intenso e verdadeiro. Não podia estar mais realizada.

— Ei, para de ficar me olhando...

Cortando o silêncio do quarto escuro, Juliette resmungou, puxando o corpo da carioca para se aconchegar ao seu. Adorava dormir com o rosto enterrado no pescoço da mulher. Aquilo era o seu momento de paz.

— Desculpa, é inevitável.

— Ainda continua sendo esquisito.

— Está nervosa pra amanhã?

A pergunta de Anitta fez Juliette suspirar ao se lembrar do grande dia. Se a estudante fechasse os olhos e pensasse a respeito, não parecia que tinha se passado dois anos. Tudo foi tão rápido, tão intenso, tão delicioso.

Ia se formar e estava casada com o amor da sua vida. Não havia motivos para estar nervosa. Talvez ansiosa, mas nervosa não.

— Não. É tudo o que eu mais quero pra gente poder meter o pé dessa cidade.

Rindo da forma que Juliette falou, Anitta girou o corpo, se encaixando entre as pernas dela. Apoiada em uma das mãos ao lado da cabeça da jovem, Anitta usou a que estava livre para acariciar o rosto em ternura.

— Sabia que eu te amo?

Foi inevitável o sorriso que se abriu nos lábios da morena ao ouvir a declaração vindo de Anitta. Ainda não tinha se acostumado com aquilo e nunca acostumaria.

— Sabia sim.

— Você é meio convencida às vezes.

— Eu aprendi com você, coisa linda.

Puxando o rosto entre as mãos, Juliette selou os lábios em um beijo lento e delicioso.

Anitta se sentia plena. A vida ao lado de Juliette era a melhor possível, não tinha como melhorar. Dividiam um apartamento de luxo em Copacabana, no Rio, mas que seria substituído por uma casa que estava pronta há pouco mais de um mês, em João Pessoa.

A mulher estava feliz em dar o que a jovem tanto desejava: voltar à Paraíba. Não tinha nada que Anitta negasse à ela.

— Seus pais responderam se vão no nosso jatinho?

— Eu nunca me acostumei com você chamando as coisas de nossa.

Pincelando o nariz pelo pescoço da estudante, Anitta sentiu Juliette enfiar as mãos por dentro da sua camiseta e apertar as suas costas com os dedos.

— Mas são nossas, eu chamaria como? Aceita isso logo, senhora Machado.

— Respondendo a sua pergunta, eu não sei. Acho que painho prefere ir andando a usar alguma coisa sua... Digo, nossa.

— Ele nunca vai se acostumar com a gente, né?

Beijando a ponta do nariz da paraibana, Anitta mexeu o quadril sutilmente, causando uma reação positiva na outra. A mulher sorriu, fazendo novamente.

— E faz alguma diferença? Quem precisa lidar com o nosso relacionamento é só nós duas.

— Disso eu sei.

Fortuito - JunittaOnde histórias criam vida. Descubra agora