O princípio da desordem

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Anitta encarava Juliette deitada na cama, dormindo profundamente. Era uma noite de quarta-feira e após um dia exaustivo, a executiva conseguiu convencer a estudante de passar a noite juntas no flat que possuía. Comeram, tomaram banho juntas e depois conversaram sobre tudo e sobre nada ao mesmo tempo enquanto tomavam um vinho na sacada do quarto. Não fizeram sexo, não pela falta de vontade, mas por estarem tão envolvidas no assunto e, claro, pelo cansaço.

A estudante era a coisa mais preciosa que Anitta tinha, e pensar sobre o relacionamento deixava a executiva apreensiva. Amava Juliette com tanta intensidade, que desde que admitiu aquele sentimento para si mesma, a sua maior preocupação era colocar a vida da garota em risco. Anitta jamais se perdoaria caso algo acontecesse com a sua Juliette. Não ia deixar isso acontecer, e para garantir que tivesse sucesso, precisava arquitetar estratégias para mantê-la em segurança.

Olhando para a cidade sob a escuridão da madrugada, Anitta tomava uma dose de whisky enquanto tentava pensar em uma maneira de deixar Juliette longe de pessoas perigosas. Sabia que a jovem não era nada fácil, e claro que isso tinha que ser a coisa que Anitta mais admirava nela, mas a coragem da estudante era perigosa demais no mundo em que vivia, a executiva sabia muito bem daquilo.

— Ei, tá fazendo o que aí? Não conseguiu dormir, meu bem?

Anitta sentiu braços quentes rodearem sua cintura e um beijo molhado ser depositado em suas costas. A mulher sorriu. Se todos pudessem ter momentos como aquele ao menos uma vez na vida, Anitta achava que o mundo seria mais justo.

— Estou pensando, quando tenho alguns problemas eu acabo ficando com insônia. Não é nada demais.

Juliette acariciou as costas nuas de Anitta, sorrindo ao ver a mulher se arrepiar com os carinhos não intencionados.

— Está com problemas? Por que não fala deles para mim? Acho que posso te ouvir.

Anitta desejou poder abrir seu coração e contar tudo que a assombrava nos momentos em que não podia cuidar da segurança da estudante, mas sabia que aquilo jamais poderia chegar ao conhecimento de Juliette. Deveria protegê-la e tomar conta de todos os problemas sem aborrecer a mais nova.

— Não quero te encher com coisa chata.

— Relacionamentos tem dessas. Não sei qual foi a última vez que você teve algum verdadeiro, mas eu posso te relembrar algumas coisas.

Anitta riu, se virando para poder encarar os olhos castanhos charmosos de Juliette. Aquela mulher era perfeita em tantos aspectos que não poderia existir ninguém no mundo como ela.

— Você confia em mim?

Juliette não entendeu o motivo da pergunta, mas confirmou com a cabeça sem nem pensar. Era loucura? Com toda certeza era, mas não podia evitar de confiar totalmente em Anitta, a mulher ostentava uma aura de confiança e poder, mas não era por isso que a paraibana confiava tanto assim. Juliette sentia no fundo do coração que podia confiar toda sua vida na mulher por quem estava apaixonada.

— Claro que confio, Ani.

— Eu nunca vou deixar que nada aconteça com você.

Juliette franziu as sobrancelhas ao ouvir aquela confissão. Do que exatamente Anitta estava falando? Por que parecia tão séria e preocupada?

— Até porque não tem nada para acontecer comigo, certo?

— Sim, claro, não tem nada para acontecer contigo.

A carioca não gostava de mentir, ainda mais para a mulher que amava, mas não via escolhas naquela situação. Se contasse a verdade para Juliette, a jovem iria embora da sua vida para nunca mais voltar e ela sentia que não conseguiria lidar com aquele abandono.

Fortuito - JunittaOnde histórias criam vida. Descubra agora