O diabo na terra

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Juliette encarava a tela do celular totalmente incapaz de reagir ao que tinha lido. Sentia o alívio fugir aos poucos, e a raiva nascer do fundo do peito. Se sentia uma grande idiota. Uma tola. Uma burra. Não conseguia acreditar que caiu na conversa daquela mulher. Deus! Seu pai sempre esteve certo. Tinha ido contra a própria família por conta de uma criminosa.

— Anitta...

Tirando forças de onde não tinha, a voz trêmula de Juliette chamou pela mulher. No entanto, a discussão calorosa entre Anitta e Ohana não deixou que a executiva a ouvisse. Estavam empenhadas em brigar, nem mesmo se importavam se Juliette ou Giulianna estavam vendo a discussão. Anitta queria poder contar à Ohana sobre o seu plano, mas se o fizesse, podia atrapalhar o andamento dele. Só precisava que as amigas seguissem o que tinha pedido.

— ANITTA!

Gritando e finalmente chamando a atenção das duas amigas que discutiam, Juliette engoliu em seco, olhando com os olhos marejados para a mulher que agora desconhecia. Não era choro de tristeza, era de raiva. Ódio em seu estado mais puro. Não sabia dizer se era ódio de Anitta ou de si mesma por ter sido tão cega e tão idiota ao ponto de não ligar os pontos anteriormente. Agora tudo fazia sentido. Exatamente tudo.

— Não foi tentativa de sequestro.

Respirando fundo por ver que Ohana tinha conseguido o que queria, Anitta tentou se aproximar de Juliette, mas a estudante se esquivou.

— Claro que foi. A Hana está paranóica demais, por isso tá dizendo que não foi.

— PARE DE MENTIR PRA MIM!

O grito assustou todos na sala, até mesmo Giulianna, que estava incrédula com as informações que tinha recebido de Deborah por mensagem. Estava com medo de estar sob o controle de uma criminosa. Não sabiam do que Anitta era capaz.

— Meu amor, me escuta...

— Não foi tentativa de sequestro, não é? Foi queima de arquivo.

Assustando Anitta com as poucas palavras, Juliette desbloqueou o celular da amiga com as mãos trêmulas. A executiva tentava achar alguma coisa para rebater aquilo, mas estava tão chocada com aquela atitude, que não conseguia pensar em nada. Assim que a estudante entregou o celular, Anitta passou a ler as mensagens que estavam abertas. Então tinha sido aquele desgraçado intrometido a justiceiro.

— Você está com alvo nas costas, está tentando se livrar da investigação da governadora.

Ao ver os olhos de Anitta serem arregalados ouvindo falar sobre a mulher, Juliette teve a confirmação que queria e precisava.

— E a Hana está nervosa desse jeito, pois faz parte dessa quadrilha que tu comanda. Acertei, não acertei? Eu sei que me acha burra, a garota tola que se apaixonou por você, mas eu estava cega, Anitta. Cega porque eu te amava! Tão cega que duvidei do meu próprio pai! Foi por isso que correu com o rabinho entre as pernas quando viu ele, não foi? Quem deve, teme, e tu não tá conseguindo pagar, por isso vão tentar te matar até conseguirem. Ou vai comprar mais quem for preciso. É assim que lida com as coisas, não é, poderosa Anitta Machado?

A mais velha sentia o coração bater a mil. A boca estava aberta em completa descrença e os olhos ardiam pelas lágrimas que começavam a brotar. Não fazia ideia de onde aquela amiga de Juliette tinha tirado aquelas informações, mas o que mais assombrava a executiva era o desprezo que escorria dos olhos da estudante.

— Ju, eu...

Novamente tentando se aproximar da mais nova, Anitta teve o toque esquivado imediatamente. Não era para estar acontecendo daquela forma, não era para ter acontecido nunca.

Fortuito - JunittaOnde histórias criam vida. Descubra agora