Capítulo 69:

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Chegaram ao hospital em dez minutos e Arthur saiu do carro correndo, com o suor úmido em sua testa e sendo seguido por Rodolffo. Ambos chegaram à recepção e foram informados de que Beatriz estava no terceiro andar. Caminharam rápido até o elevador e Arthur ficou batendo o pé, impaciente com a demora.

No terceiro andar da ala hospitalar, o silêncio dominava o ambiente e ele caminhou novamente à outra recepção, mas foi avisado de que não poderia entrar. Seu pai estava sentado em uma das cadeiras de cabeça baixa, ele se sentou e abraçou o pai em silencio.

Esperar era a última coisa que queria fazer, mas foi obrigado. Estava ainda mais nervoso, sacudindo a perna e passando a mão nos cabelos de minuto em minuto. Estava agoniado sem saber notícias da mãe.

Rodolffo: Arthur, vou buscar uma água pra você, está muito nervoso. O senhor quer seu Jose?

José: Não, obrigado.  — Rodolffo saiu em busca de um bebedouro.

As horas passaram e eles ali impaciente sem notícias nenhuma. Não tinha ideia do que aconteceu com sua mãe. Rodolffo precisou ir para casa, apesar de não querer deixar o amigo "sozinho", mesmo com ele dizendo que ficaria bem.

Arthur informou o pai que daria uma volta para espairecer. Vendo-se sozinho, longe o  suficiente, ele inclinou-se para frente, com os cotovelos na perna e chorou. Deixou as lágrimas acumuladas durante muitos dias virem à tona.

As palmas das mãos em seu rosto, eram molhadas pelas lágrimas e os soluços dele eram cada vez mais fortes. Tinha medo de perder a mãe, um medo que até então não passara por sua cabeça, pois sempre foi confiante em relação à recuperação dela e ao dinheiro que iria conseguir. Sua determinação não valeu de nada.

Carla andava apressada pelos corredores atrás de Arthur, ofegante, por não ter tido paciência de esperar o elevador, subiu pelas escadas. O viu sentado no corredor, com as mãos tapando o rosto, mas o reconheceria até se fosse apenas uma sombra. Nem mesmo o barulho dos saltos dela chamou a atenção dele, que permanecia com o rosto afundado nas palmas das mãos.

Sentou ao lado de Arthur e segurou-lhe os pulsos, retirando as mãos dele do rosto e fazendo com que a olhasse. A cena que viu lhe apertou o coração. Os olhos dele estavam vermelhos e inchados.

Ninguém se atreveu a dizer algo. Carla apenas passou as costas dos dedos pelo rosto dele, secando-o. Arthur esqueceu a mágoa que tinha dela, sentiu um conforto por vê-la ali à sua frente.

A mulher que ele realmente amava. Sem dizer nada, apenas abraçou-a. Um abraço que era uma mistura de saudade e um pedido de ajuda. Carla deixou a cabeça dele apoiada em seus seios e pela primeira vez, aquele gesto não teve maldade da parte de ambos. Pelo contrário, naquela situação, demonstrava carinho e proteção. Ela ficou deslizando os dedos nos cabelos dele, sabendo que precisava mostrar para Arthur que estava ao seu lado.

Ficaram assim por um bom tempo e ele já parara de chorar. Estava mais calmo. De alguma forma, a presença dela ali o confortava, apesar dos últimos acontecimentos. Voltaram para a sala de espera, Carla cumprimentou seu Jose que estava abatido e triste.

Um médico se aproximou e ela cutucou Arthur para lhe avisar. De maneira rápida, ele levantou-se e olhou para o senhor de meia idade, mais baixo do que ele.

Arthur: O que aconteceu com minha mãe, doutor? — perguntou nervoso.

Jose: O que aconteceu com a minha esposa? — Perguntou igualmente nervoso.

Dr: É o marido de Beatriz Louzada Picoli? — Jose confirmou — Sua Esposa teve uma crise, e dessa vez não pôde ser contornada através dos medicamentos. Ela foi sedada e está descansando, mas a única solução é a cirurgia. Que tem que ser feita logo, não podemos mais esperar.

Arthur novamente sentiu o banho de água fria em sua cabeça. Não tinha a menor possibilidade de pagar a cirurgia da mãe, nem ele e nem o pai, e nem mesmo um empréstimo poderia ser feito, já que ele estava desempregado e não poderia comprovar nenhum tipo de renda

José: Não tenho o dinheiro da cirurgia. — Deixou-se cair na cadeira e disse totalmente perdido.

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