T2- 17

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Eu dobrava as roupas para coloca-las na mala novamente.

 É, eu realmente iria voltar para o Brasil. 

Diferente de Úrsula, que me disse que achou seu lugar aqui, em uma confeitaria famosa. Fazendo doces que de acordo com ela, era sua paixão desde pequena.

Se eu estava sendo egoísta? Bom, eu não fazia ideia, afinal, eu era a pessoa mais confusa no momento e também, certamente, a mais deslocada.

Brenda tinha a família perfeita e eu agradecia a alguém incerto todas as noites por tudo ter dado tão certo, apesar das dificuldades.

Na verdade, eu já tinha uma bela noção do que iria acontecer. Eu voltaria a ser a rude mulher de negócios que sempre demitia todos pelos seus trabalhos incompetentes. Continuaria a ter a mesma vida sem graça e monótona.

Por que não poderia ser diferente?

Será que pode ser diferente?

Ouvi duas batidinhas na porta e estranhei por ter a completa consciência que a deixei aberta.

- Posso entrar? - Brenda perguntou e assenti sorrindo, ela veio até mim. - Vou sentir sua falta.

- Não me diga mentirinhas, dói demais - cantarolei e ele fechou a cara - o que foi?

- Tem mesmo que ir? - não respondi - Por que não fica?

- Bre, você tem uma família aqui,uma vida, e eu não quero atrapalhar nada disso.

- Mas tia, você não atrapalha em nada. - olhou em meus olhos - fique, por favor.

- Mesmo que eu quisesse - dei uma pausa - já comprei a passagem.

- Se não ficar por mim fique por ele - ela deu uma pausa - fique pelo Josh, eu vi o jeito que se olham.

- Somos apenas colegas Brenda, não confunda as coisas.

- Você quem sabe Any - mudou sua expressão e me arrepiei quando ela me chamou pelo meu nome, invés de "tia".

- Bre, querida, eu não posso, sabe disso.

- Tá, tanto faz - saiu do meu quarto batendo a porta e mordi o lábio inferior para não chorar.

- Any? - ouvi uma voz me chamar

- Eu?

- Posso entrar?

- Pode sim.

E então Josh entrou e parou na minha frente, deixando visível nossa diferença de tamanho.

- O que aconteceu com a Brenda? Ela saiu daqui com fogo nos olhos.

- Estava tentando me convencer a ficar.

Ele apenas murmurou um "hm" e desviou o olhar.

- Então...- puxei assunto - Pode me levar para ver minha mãe?

- Claro.

- Posso te abraçar? - Josh perguntou inseguro e soltei uma risadinha, ele estava muito fofo corado.

- Claro, venha aqui.

Josh passou os braços ao redor da minha cintura e pousou o queixo em cima da minha cabeça, depositando um beijo estalado no lugar.

- Seu cabelo tem o mesmo cheiro de morango - sussurrou e eu ri.

- Vou sentir saudades de você- confessei ainda agarrada a ele que suspirou.

- Eu também Any Gabrielly, eu também.

Nos separamos e ficamos encarando um ao outro em silêncio por alguns minutos, observando cada detalhe do rosto e memorizado tudo, como se fosse um fim.

𝕭𝖆𝖉 𝖌𝖎𝖗𝖑Onde histórias criam vida. Descubra agora