Tali Baker
Meia hora de passou antes que visse Anthony saindo do prédio e vindo na minha direção. Ele parecia mais calmo, e assim que me alcançou se sentou ao meu lado no banco em que eu estava. Por algum tempo ele ficou parado sem dizer nada, e eu teria começado a falar se ele não estivesse tão... abatido.
- quanto tempo?- ele pergunta após alguns minutos de silêncio.
- Meia hora, não é um tempo ruim.- falo enquanto observo ele olhar em direção as ruínas.- Isso é realmente irritante, eu não quero concordar com você mas é inevitável, eu realmente travei, por que assim como você eu estou acostumado a saber mais que a maioria, e agora eu tenho a péssima sensação de que não sei nada.- diz ainda sem me encarar, um desabafo e eu sei o que ele está sentindo, toda vez que eu penso no homem que invadiu a minha casa eu tenho a mesma sensação.
- Você é um ótimo agente Tony, eu nunca te traria aqui se não fosse. Leon me testou quando eu vim trabalhar com ele também, não serve pra medir o quão bom você é, isso eu já sei, serve pra você descobrir o que precisa aprender.- digo e ele me encara, os olhos azuis como dois lagos perfeitamente parados, calmos.- se você quiser eu vou te ensinar, sem jogos, sem brincadeiras, ok com alguns jogos e brincadeiras por que eu não resisto.- digo ele somente me dá um sorriso e balança a cabeça negando.
- Você é uma péssima professora, mas talvez eu precise de você.- fala se levantando e ficando de frente pra mim
-Só uma boa professora desperta esse sentimento nos alunos.- digo e me levanto também.- E o que vamos fazer agora?- ele pergunta e eu abro um sorriso que sei que vai deixar ele preocupado.
- Vamos começar com as armas.
O estande de tiro da Ala 1 é basicamente um galpão preto, é aqui onde os recrutas treinam com armas de baixo calibre, no fundo os bonecos de diferentes alturas, e as marcações com as diferentes distância são marcadas por uma tinta amarela no chão de cimento.
Anthony escolheu uma Glock 9mm, e então paramos na primeira marcação mais longe do alvo, e o combinado foi de que ele atiraria onde eu mandasse.
- coração.Um disparo, ele acerta o alvo.
- cabeça e depois virilha.Dois tiros, dois acertos.
- orelha esquerda.- essa foi só de sacanagem.
Ele acerta.
- querida, nisso eu me garanto.- ele fala me lançando uma piscadela.
- Então vamos deixar mais interessante.- digo e ando em direção ao boneco, paro bem em frente dele deixando só um pouco de sua cabeça a vista.- eu sou uma donzela em perigo, agora mata o cara.
- Agora não sei se eu devo salvar você ou o boneco.- ele ironiza esfregando o queixo e eu reviro os olhos.
- Ora, ora, você sabe fazer piadas, agora atira lo...- sou interrompida pelo som do tiro que passa ao lado da minha bochecha acertando o alvo.
- errei, matei a verdadeira donzela.- ele diz enquanto vem em minha direção.- você não tem nada mais difícil? Tô quase pedindo pra trazer as algemas de novo.
- É isso que eu ganho por pegar leve no primeiro dia, sarcasmo e piadas ruins, sinceramente...- falo e ele ri da minha cara.
Um filho da puta- Só por isso nós vamos partir pras facas, você atira bem facas ?- pergunto e o sorriso que estava antes em seu rosto morre um pouco.
- bem, facas são mais complicadas...- ele fala olhando pra um ponto atrás de mim.
Te Peguei.- Vamos pegar algumas no meu quarto, e depois vamos nas ruínas, vamos ver como o Toninho almofadinha trabalha com facas e armas de longo alcance.
- Você quer me arrastar pro seu quarto de todo jeito, é incrível, estou começando a achar que é seu jeito de me leva pra cama senhorita Tali.- ele diz e minha mente traz um flash do seu corpo na minha cama semanas atrás...
Não seria ruim, mas, não transe com colegas, fiz isso uma vez e me arrependo amargamente.
- Sem chance gatinho, eu só brinco com você, agora vamos logo.
Depois de pegar a arma de sniper do Arsenal da ala 1 fomos em direção ao alojamento pegar as facas no meu quarto. Assim que chegamos em frente aos quartos Anthony disse que iria trocar de roupa e foi pro seu quarto.
Entro e começo a selecionar as facas que vou usar distraidamente, até que após algum tempo ouço a porta de abrir de novo e Anthony entrar usando calças e uma camisa preta que ele preferiu ao invés das roupas mais claras que estava antes.
- já pego tudo donzela?- peguei almofadinha, vamos...
As ruínas são um conjunto de casas e prédios meio demolidos que foram adaptados pra ser uma área de treinamento segura, e o ponto principal é um enorme galpão sem teto, que é onde vamos agora. Assim que chegamos os funcionários da base estão colocando os últimos bonecos que vamos usar de alvo que eu solicitei. E assim que eles se retiram e eu posiciono as facas em uma mesa velha perto de nós.- É o seguinte, como você não tem muita experiência eu vou primeiro ok? Observe a posição do meu corpo desde o preparo pra lançar até o momento que ela sai da minha mão.
Então eu dou alguns passos a frente, me posiciono e lanço antes de soltar o ar da respiração e acerto a cabeça do boneco.
- Sua vez.Anthony então pega a faca e vai pro lugar em que eu estava, lança, e erra tão feio que fico me perguntando se ele realmente miro.
- Meu pai, Anthony se posicione direito e mire, prende a respiração antes de lançar.- dou as instruções novamente e ele lança, dessa vez acertando o abdômen do boneco.
- De novo.- digoE então ele lança mais 5 vezes, todas no alvo, nenhuma em um ponto fatal.
- ok vamos tentar de novo, talvez só te falte motivação, então vamos repetir a situação que fizemos no estande.- digo já andando até o boneco e me posicionando como da última vez.- sem querer ser chata, mas não me mata ok?
- Isso é uma péssima ideia Tali, me deixa fazer de novo, eu vou acertar.
- Não, atira logo, se em algum momento minha vida estiver nas suas mãos, isso eu concluindo que vou sobreviver agora, eu quero ter certeza que você vai acertar.
- E se eu errar eu te mato, e então Leon me mata. E pior, se eu não te matar e só acertar em algum outro lugar é capaz de você me matar.
- Só tenta não acertar minha cara e acho que eu vou ficar bem, eu sou muito bonita pra ter um rosto desfigurado por sua culpa, mas no corpo ok, vai ser mais uma cicatriz pra conta.- digo dando de ombros.- agora vai.
Tudo no momento seguinte acontece em câmera lenta, ele pega a faca, me encara e então se posiciona pra lançar e eu não consigo fechar os olhos nem quando ele lança e eu vejo a faca fazer seu trajeto até mim. Ela passa fazendo um leve corte na minha bochecha e acerta o alvo.
Só nesse momento eu volto a respirar, Tony poderia ter me matado.
- Eu poderia ter te matado.- ele diz tão em choque quanto eu estou.
- Você poderia.- digo e nos encaramos por cerca de 5 segundos antes de eu não aguentar e começar a rir.- Anthony de todos os momentos que eu poderia ter morrido, esse foi sem dúvida o mais emocionante.- digo mal me aguentando em pé de tanto rir pelo choque.
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Tá entregue meus amores, bjss até amanhã
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Pegue-me Se Puder
RomansaNão espere uma sinopse, histórias de espiões foram feitas para serem lidas no escuro.