E se eu...

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Isabella narrando.

Tudo o que eu sentia era uma forte dor de cabeça, do tipo que chega me dava tontura ainda de olhos fechados. Minha boca estava seca, e o estômago revirado. Tentei abrir os olhos, e por sorte, o lugar onde eu estava estava escuro como uma noite sem lua. Olhei ao redor, não reconhecendo aquele quarto em que estava. Uni forças para me sentar, passando a mão pelo rosto e a levando para a minha nuca que lateijava, só que tocar ali foi pior, a dor foi pior. Tirei a mão dali depressa, e me assustei ao sentir algo quente entre os meus dedos. Era sangue.

– Porra – reclamei, fechando os olhos demoradamente e depois os abrindo.

Onde eu estava? Não me lembro de nada desde ter entrado no carro daquele estranho, e agora estava aqui, nesse quarto enorme que continha as paredes de madeira, mas não tinha janela alguma ali, o que me deu um desconforto enorme. Me levantei, cambaleando até a porta e tentando a abrir. Para a minha surpresa ela abriu, me revelando um corredor com alguns outros quartos, continuei andando e passando pelo que deveria ser a sala e a cozinha, em direção a saída, ignorando por completo uma conversa distante que havia ali. Mas agora haviam as luzes, e toda essa claridade só confundia ainda mais a minha cabeça.
  

– Não, não, não – uma voz masculina disse.

Ele saiu saiu de onde estava, correndo até mim e me segurando pela cintura e me puxando de perto da porta. Tentei me defender, batendo nele, mas sua força já era muita se comparada a minha, ainda mais com toda a fraqueza que meu corpo estava. Ele me sentou no sofá, me olhando, parecendo nervoso com tudo aquilo. Fechei os olhos com força, sempre que a tontura vinha eu fazia aquilo até ela passar.

– Porra, a coronhada foi feia – disse, passando a mão pelo galo da minha cabeça me fazendo fechar os olhos pela dor – Toma um banho, vai se sentir melhor.

– Eu quero ir embora – falei

– Olha isso não vai acontecer – disse, olhando para trás na cozinha eu acredito, um outro cara apareceu por ali – Vai lá no quarto, tem roupa limpa nos armários.

Meu rosto era como um ponto de interrogação, me levantei, sentindo tudo a minha volta girar e uma vontade enorme de vomitar. Era como adormecer, não sentia mais o meu corpo, mas por sorte ele me segurou, me impedindo de cair. Passou a quase me carregar pelo cômodo.

– O que ela tem, Iago? – O outro questionou – Drogou a menina?

– Não – respondeu, me levando de volta ao quarto – Acho que bateu na cabeça dela com força demais ontem porra.

– Eu só fiz o que você mandou!

Me empurrou pra dentro do cômodo, e fechou a porta novamente. Caminhei até o guarda roupas, o abrindo e me surpreendendo pelo tanto de trocas de roupa feminina, aquilo me esperava? Tirei uma qualquer, uma calça jeans e uma camisa, havia tudo ali, tudo que uma garota precisa. Fui até o banheiro, e ele era enorme e limpinho, o que me era estranho, vendo filmes de sequestro geralmente o lugar é precário e aqui não, era tudo limpo e organizado. Me enfiei debaixo do chuveiro, sentindo a água quente cair pela minha cabeça e escorrer pelos ombros. A forma como a água escorria vermelha pelo sanque me assustou, então fechei os olhos, encostando a testa no box de vidro e respirando fundo. O choro começou a vir, junto das lembranças, só conseguia pensar em tudo que ouvi do Roman na noite passada, e agora, será que ele procura por mim? Ou me odeia tanto que quer mais que eu morra?

Roman narrando.

Quem disse que preguei os olhos durante aquela noite? Passei boa parte dela rondando pelas ruas procurando pela Isabella, cheguei a ir ao Peter o confrontar se havia a visto mas o garoto pareceu surpreso comigo ter "perdido" ela. Só tinha certeza que ela tinha sido levada e não ido por vontade própria pro mais longe de mim possível graças ao fato dela ter deixado o celular pra trás. Tom me aconselhou que seria uma péssima ideia envolver a polícia, porque ela podia aparecer ou então isso iria parar em todas as notícias, o melhor era um investigador, então esperei o primeiro raiar do sol na parte externa de casa para ligar para um, enquanto um maço de cigarros ainda não era o suficiente. Eu só conseguia pensar o pior, não fazia outra coisa se não me torturar imaginando o que fariam com ela. Tom voltou até mim quando o dia amanheceu e a ligação terminou, ele passou a noite toda me acompanhando de carro pelas ruas, ate que fomos para minha casa. Memo arrebentando ele virou a noite acordado comigo. Esse filho da puta.

Quase Um Pecado - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora