Roman narrando
Alguns dias depoisMais uma manhã que acordei assim que o sol nasceu, isso estava se tornando um hábito, sempre que dormia fora de casa acordava extremamente cedo. Mas hoje me superei, ao ver o horário que o celular ainda marcava decidi tentar enrolar mais um pouco na cama, nem o café da manha estava pronto em plenas 06:21. Voltei para debaixo do edredom que dividia com Isabella, o clima dentro do quarto era bem fresco, graças ao amor da minha prima por deixar sempre menos de 10°. E o fato de eu só conseguir dormir sem camisa. Hábitos.
Isabella se mexeu enquanto dormia, se virando de frente pra mim soltando um suspiro pesado. Apoiei minha mão no rosto, apenas a olhando dormir, meus dedos pareciam doer de vontade de tocar seu rosto, correr eles pelas suas sobrancelhas laranjadas, ou até mesmo pelos seus cílios da mesma cor que chegava ser engraçado. As milhares de sardinhas que enfeitavam seu rosto agora pareciam ainda mais atrativas, as da testa, bochecha, nariz, queixo... Isabella é completamente cheia delas, o que eu sempre achei exclusivamente lindo. Mas nem desde sempre deixei isso claro, lembro de zombar disso quando ela era criança e agora quem parece uma sou eu, completamente fascinado pelas constelações de suas sardas.
Não sei quanto tempo ao certo fiquei ali, mas quando me pus em pé novamente foi direto para um banho rápido. Por fim pedi serviço de quarto, pedindo o café da manha, estava sem muita disposição de acordar ela. Enquanto isso, chequei os emails referentes a empresa e toda e qualquer novidade dela, cada dia longe eu desejava menos voltar, estar nesse lugar tão lindo ao lado dela, era a definição da vida que nunca imaginei sonhar em ter, mas que hoje era tudo que eu mais queria. E hoje seria um dia especial para mim, não que eu ligue muito para datas especiais, mas completar 23 anos e uma coisa que só se ocorre uma vez.
Isabella acordou quando vierem entregar o meu pedido, dei uma gorjeta ao rapaz e peguei a travessa, entrando e a olhando agora sentada na cama e vendo algo no seu celular. Passou a mão no rosto, olhando pra mim e deixando escapar um sorriso discreto. Seus olhos ainda estavam inchados e o cabelo bem amassado, mas ainda assim, ela conseguia ser tão linda.
— Bom dia meu amor — ela disse, se espreguiçando — Dormiu bem?
— Muito bem — respondi, empurrando a coberta para o lado oposto e colocando a travessa ali a abrindo — Decidi te mimar ainda mais hoje.
— Está ficando bom nisso – ironizou.
Só sorri, beliscando um pedaço de bolo.
Pela tarde havíamos alguns compromissos: havia agendado uma consulta com um psicólogo local para ela, e aproveitando, já retiraria meus pontos com um médico amigo do Dr. Pryce, quem cuidou da minha cirurgia. Depois estava pensando em passar em algum shopping, só para passar o tempo junto com ela e conhecer mais a cidade, sem ser o litoral. Cancún tem muito a ser visto além do oceano, tenho certeza disso.
— Pronto — Isabella disse, me tirando a atenção do computador — Estou bonita?
Ela estava parada no meio do quarto, usava um vestido preto que até era bonito, mas me incomodou um pouco o decote. A observei, a vendo rodar e encarar o espelho. Por fim colocou a mão na cintura, parecendo impaciente e ergueu uma sobrancelha. Sou péssimo para esconder quando algo me incomoda, meus olhos insistem em transmitir o que eu penso. Ela percebeu.
— Qual o problema?
Contrai os lábios.
— O decote tá demais, não acha? — questionei.
— Não — respondeu, voltando ao espelho pra garantir e puxando ainda mais o vestido deixando mais do eu seio a mostra — Não acho.
— Mas tá, e quando faz isso piora.
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Quase Um Pecado - CONCLUÍDA
RomanceA paixão não escolhe por etnia ou religião, cor ou sexualidade, quando ela vem, em grande peso, ela sempre vence as barreiras criadas pelo ser humano através dos anos.