Isabella narrando
A mesa do jantar foi toda posta pelo
Iago enquanto eu tomava meu demorado banho, me juntei a eles bem constrangida, em especial com Iago, não podia nem olhar para ele sem me sentir culpada. Não que tivesse o traído, mas mentalmente... Quase cedi. Quase me deixei levar por Roman e suas mãos, que me conhecem tão bem, sabe exatamente onde tocar.O jantar só não foi tão silencioso como um enterro graças a mim e o Tom, que debatiamos diversos assuntos, sempre que nos cansavamos de um dávamos inicio ao proximo. Os outros dois comiam sem nem se preocupar em participar, apenas se encaravam, mas eu ignorava até isso. Não queria outra briga, Iago estava sendo tão maduro e compreensivo comigo. De um modo que sei que o egoísmo e a impulsividade de Roman não permitiriam ele fazer o mesmo.
- Você precisa vir mais vezes me visitar - falei ao Tom, enquanto tentava parar de rir - Sério, me faz falta essas conversas.
- A mim também, nossa, não nos vemos a quantos anos?
Deixei o garfo sobre o prato, parando para analisar. Eu havia o visto em um Natal, a três anos. Mas não fiquei mais de quinze minutos em sua presença, não podia, Roman e ele sempre estavam juntos.
- O Natal de 2018 - o lembrei, com um meio sorriso.
- Me ignorou a festa toda - rebateu, servindo vinho em sua taça.
Lancei um olhar a Roman, e Tom entendeu, logo sorrindo de canto. Como quem dizia "eu te entendo". Iago me serviu vinho, e eu o tomei lentamente, girando a taça algumas vezes.
- E agora? - Roman perguntou, falando pela primeira vez em minutos - O que vai fazer?
Seu olhar fixo em mim, da mesma forma que ele fazia na mesa de sua casa, enquanto sua mãe não percebia o jogo de gato e rato que ele amava jogar comigo. Ele podia muito bem estar falando da pós, ou então de nós dois. Decidi dar continuidade ao seu jogo.
- Recebi algumas propostas, escolhi a psiquiatria.
- Aqui mesmo? - Tom questionou e eu neguei.
- Tenho algumas opções.
- Ele vai com você? - Roman apontou Iago com o queixo, com desdém no tom de voz rouco e afiado.
- Ainda não falamos disso. Mas creio que sim, né? - Olhei pro referido.
- Termino no próximo ano, posso te encontrar lá pra não te atrasar.
- Não vai fazer Bacharel? - Tom perguntou, olhando Iago - É que... Fiz direito a uns anos.
Iago deu de ombros.
- Não me importo muito com isso.
- Porque se a profissão não der certo, pode voltar aos velhos tempos não é? Onde você cumpria os desejos do seu pai e era muito bem pago por isso.
Encarei Roman com tanta raiva, o jogaria minha taça se ele não estivesse tão longe do meu lugar na mesa. Eu estava em uma ponta e ele na outra.
Iago fechou os punhos, e pareceu respirar fundo, demorando a responder a provocação.- Quem sabe? Se ele me der um nome bom pra riscar da lista, eu não me importaria.
Olhei pra ele, que abaixou o olhar e batucou os dedos sobre o tampo de vidro da mesa.
- Esse cara me irrita. Isabella, sério. Desperta o pior em mim.
Roman riu, o observando. Fiquei em pé e fui até Iago e me apoiei sobre seus ombros, inclinando o corpo pra frente e dando um beijo no seu rosto.
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Quase Um Pecado - CONCLUÍDA
RomanceA paixão não escolhe por etnia ou religião, cor ou sexualidade, quando ela vem, em grande peso, ela sempre vence as barreiras criadas pelo ser humano através dos anos.