Isabella narrando.
Amava o ambiente da empresa, não era super lotado e era bem tranquilo pra falar a verdade. Minha função também era simples, só organizava os horários do Roman e agendada as reuniões nas datas em que o bonito me passava. De resto, ficava sempre livre pra ver alguma série no computador da empresa ou então mexer no celular, vez ou outra eu olhava na direção da sala do Roman só pra ter o gostinho de o ver concentrado em alguma papelada. Ele sério já é algo gostoso de se ver, agora ele sério e de roupa formal, é demais pra minha sanidade.
Ouvia uma música qualquer no fone, enquanto o observava discretamente mordendo levemente a tampinha da caneta. A minha mente hora ou outra me traía, me levava de volta a noite anterior, agora eu me recordava dos tapas, o som da sua palma me acertando recochiteava na minha memória. Passei a ponta da língua pela tampa da caneta, respirando fundo e negando com a cabeça. Não vou ficar me torturando pensando nisso.
- Oi gatinha - Karine disse, chegando ali de surpresa e até me assustando - Ele fica bonitinho concentrado né?!
Então ela percebeu que eu o olhava? Corei, soltando a caneta sobre a mesa e a olhando.
- Bonitinho sim - sorri, puxando o meu cabelo atrás da orelha - e vocês, voltaram a se enrolar?
- Não - respondeu, dando um sorriso e puxando a cadeira na minha frente e sentando ali - Ele bem que tenta, mas eu ando me priorizando, ele já me fez muito de idiota.
- Ele tenta é? - questionei, interessada nessa parte incômoda da conversa - É, não pode dar o poder de te fazer mal ao Roman.
- Pena eu tenho de quem ele disse namorar, sério, ele não vale a pena - suspirou, enrolando uma mexa de cabelo no dedo - O que ele tem de gostoso tem de filho da puta.
- É, eu tenho pena dela também.
- Mas e você, o que vai fazer amanhã a noite? É sexta, tem que sair pra curtir.
- Vou ficar em casa mesmo, marquei com o Roman e o Tom uma noite do brigadeiro. Se bem que eu tenho certeza que o álcool vai ser a atração principal.
- Adoro brigadeiro! Você fica com eles sozinha? Não falam de mulher o tempo todo?
- Até que não, o Tom é um docinho.
- Ah sei, já ouvi o Roman falar sobre as noites deles por aí, ele também é do tipo do seu primo.
- Não, o Tommy não é como o Roman - disse, convicta disso.
- Talvez não na sua frente, mas ele é sim. E é bi também, o que eu acho uma delícia.
- Sério?! - fiquei pasma, como assim ele não me disse nada disso? - Não quer vir pra casa amanhã? Ainda estamos vendo se vai ser em casa ou no Tom, mas você vem comigo se quiser.
- Acho que sim! - sorriu me olhando diretamente - você gostou daquele nosso beijo?
Como ela conseguia falar disso com tanta naturalidade? Eu mal conseguia falar sobre isso, ainda mais com ela, assim, sem a menor discrição ou cerimônia.
- Foi bom - respondi, um pouco incomodada - Me considero BI agora.
- Isso porque foi apenas um beijo, ficar com garotas é delicioso e...
- Isabella, vamos? - Roman chegou ali, a interrompendo no meio da fala.
Eu agradeci mentalmente por isso, e apenas peguei a minha bolsa e celular. Karine ficou em pé, mexendo em alguns papéis sobre a minha mesa de uma forma que ficava bem visível o seu decote tanto para mim quanto pro Roman, olhei para ele que encarava o local fixamente. Realmente, não vale nada.
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Quase Um Pecado - CONCLUÍDA
RomanceA paixão não escolhe por etnia ou religião, cor ou sexualidade, quando ela vem, em grande peso, ela sempre vence as barreiras criadas pelo ser humano através dos anos.