Bem vinda, prima

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Isabella Ramírez.

Você percebe quando tem algo errado dentro de sua própria casa, os sinais são visíveis, as crises de estresse do seu pai dobram de frequência, ele se afasta ainda mais e coloca um tipo de muro entre vocês dois. Muro que nunca existiu, pelo fato de serem sempre só os dois. Agora o vejo distante, irritado e me evitando a todo custo. Sempre focado em seus carros e no trabalho, como se minha função no mundo fosse estudar e não fazer perguntas.

– Precisamos conversar, Bella – ele disse, me vendo já pronta pro colégio.

– Vou me atrasar – argumentei, conhecia aquele tom de voz, coisa boa não era – mas diz.

– Não vai a aula hoje, comprei uma passagem, o voo sai às 14h. Vai passar alguns meses em NY com sua tia Denise – disse, tranquilo como se não fosse nada.

Meu coração fez uma pausa, e o encarei séria. Ele usava os óculos e segurava o Tablet a em cima da mesa, me encarando e esperando o choque deixar meu rosto. Ele está brincando, não está?

– Não?! – questionei afirmando, não queria ir – papai já estou terminando o segundo colegial, não quero ficar fora do Canadá!

– Eu lamento meu amor, mas irei a Romênia na sexta.

– Ótimo, eu faço as malas e vou com você.  

– Isabella Ramírez, vai fazer sim as malas, mas para Nova York. Agora se apresse.

Bati as mãos nas coxas, incrédula. Mais da metade do ano letivo e ele me diz isso, vou passar meses fora, já não era bastante ruim ter que recomeçar numa escola nova ainda no mesmo ano? Ódio foi o que senti, durante todo o processo de preparação da minha mala de viagem. Só fiquei imaginando o que me esperava naquela cidade imensa e linda, o centro do mundo para muitos, mas não queria ir. Deixar meus amigos, minha vida, por Deus sabe quanto tempo.

O voo foi tranquilo e até que rápido, eu ouvi músicas da banda imagine dragons durante todo o caminho. Muitos, na minha antiga escola, me chamavam de patricinha apenas pelo meu pai ter dinheiro, mas eu sempre tive um estilo diferente dos das minhas amigas, embora só me abrisse pra alguém realmente próximo. No aeroporto combinei de encontrar minha tia em uma das lanchonetes, estava faminta, então, tomava um suco natural de laranja enquanto esperava.

– Caraca Isabella, você cresceu! – A voz masculina do meu primo me fez sorrir.

Me levantei, surpresa por ver ele, já um homem de sei lá, uns 27 anos? Me recordava dele adolescente. Ele me abraçou, me tirando do chão, e depois foi a vez da minha querida tia Denise. Não havia mudado muito desde que a vi a cinco anos em uma festa de família, Drake por outro lado, eu não via a uns oito anos. Isso que da uma família ser tão desunida quanto a minha, mas sei que o mérito disso é do meu pai que se fechou depois do que aconteceu com minha mãe.

– E o Roman? – questionei, vendo só os dois ali.

Roman é o caçula da minha tia, se não me engano hoje deve ter entre 20 e 22 anos, a ovelha negra digamos assim, sempre foi difícil de lidar, teve fases bem complicadas na adolescência e deu bastante trabalho a minha tia desde a morte do pai. Drake e Roman são o oposto, na aparência e personalidade, o mais velho sempre foi mais coração, apoia e sempre esteve ao lado da mãe enquanto Roman, bem, é o Roman.

– Sabe como ele é – Minha tia suspirou, colocando a bolsa sobre a mesa – ficou cuidando da empresa.

– Ele continua esquisito, só tá um pouco pior – Drake brincou, pedindo a garçonete uma coca – mas vamos falar de você, já tá com quantos anos mesmo? Mudou tanto desde que te vi.

Quase Um Pecado - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora