Roman narrando.
– Você não pode estar falando sério – Tom me disse, assim que contei o acordo que fiz – Como pretende entregar ele?
Respirei fundo, encarando o meu amigo apoiado no mármore escuro do balcão e tomando uma cerveja. Estávamos na casa dele, vim direto para cá depois da ligação, e desde então tomávamos alguma coisa na cozinha do apartamento.
– Não sei, mas eu vou – garanti, o vendo concordar.
– Nós vamos então.
– Não acho seguro se envolver, o pessoal é perigoso.
– Sou mais estável que você, menos chance de arrumar problemas – deu um sorriso em ironia – estamos juntos nessa cara.
– Tá, eu pensei em apagar ele de alguma forma.
– Se lembra que é do seu tio que estamos falando, não é?
– Eu sei – engoli em seco, tomando um bom gole da cerveja – Mas é pela Isabella.
– Ela vai te odiar por praticamente matar o pai dela.
– Prefiro que ela me odeie e esteja viva, do que me amar dentro de um caixão – respondi, terminando a bebida e colocando a garrafa na pia – Estou com uma sensação tão horrível.
– Pior do que ontem?
– Mil vezes. E se pegaram ela com o celular? Tom, se machucarem ela... Ela é tão delicada, tão menina...
Passei a puxar o cabelo para trás – que estava um pouco mais comprido do que o comum – em repleta agonia e desespero só de imaginar alguém fazendo mal a ela. Ela não merecia nada disso, por isso cabia a mim e só a mim acabar com tudo isso.
– Calma! – disse, tentando ser positivo como sempre – Ela tá bem, antes nem sabíamos se ela realmente estava viva mas ela está.
– Só estou com essa sensação, essa opressão no peito que tá me deixando louco – soltei a tensão pela respiração, tentando me acalmar daquela crise – Mas amanhã entrego o Theo, e ela volta pra mim.
Nunca fui tão bom com o otimismo, sempre mesclei entre o realismo e o pessimismo. Mas nesse caso, eu tive que ser otimista, o tirar da onde não existe para ter. Tudo precisava dar certo, nao suportava nem imaginar o contrário.
Isabella narrando.
Sai depressa do banheiro depois daquele barulho, foi tão alto e próximo como se jogassem uma bomba dentro da casa, apenas vesti uma roupa qualquer antes de deixar o quarto e sair procurando pelo Iago. Na sala me deparei com uma mancha de sangue, uma trilha na verdade, parecia ter sido arrastado pelo cômodo até o banheiro que havia ali no fim do corredor. Acompanhei o sangue, levando um susto quando Iago abriu a porta do banheiro e saiu dali. Sua mão estava suja de sangue, e ele parecia bem nervoso, nem olhou pra mim.
– Volta pro quarto Isabella – disse, num tom severo e áspero – Não tem que ver isso!
– Você... – Fiz uma pausa, para conseguir concluir a pergunta – Você matou ele?
Mas ele não me respondeu, o que pra mim foi pior, ele apenas voltou para o local onde o vestígio de sangue iniciou e derramou algum produto de limpeza ali. Eu sabia que nenhum humano sangraria daquele jeito e estaria bem, mas ainda assim, precisava ouvir dele. Meu coração batia tão acelerado que eu podia praticamente ouvir o som em frequência máxima. Tamanho era o silêncio naquele lugar em plena madrugada também.
– Vocês eram amigos não eram? – perguntei, o olhando esfregar o sangue para deixar o carpete.
– Sim – respondeu, voltando a ficar em pé e encarando suas mãos lavadas de sangue – Eu teria que lidar com isso de qualquer forma, ele era responsabilidade minha. Eu só não achei que ele fosse...
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Quase Um Pecado - CONCLUÍDA
RomanceA paixão não escolhe por etnia ou religião, cor ou sexualidade, quando ela vem, em grande peso, ela sempre vence as barreiras criadas pelo ser humano através dos anos.