Isabella narrando.
Eu mesclava entre olhar para um e para o outro, ambos parados a pouco mais de um metro e meio de mim, não eram parecidos, nunca sugeria algum parentesco entre eles! Ergui uma das mãos, demonstrando um pouco da minha indignação. Desde quando ela sabia sobre isso? Todo esse tempo próxima de mim, era tudo parte do plano? Iago parecia incomodado com algo, então saiu do cômodo, carregando consigo seu brinquedo inseparável.
– Você sabia que me trariam para esse inferno? – perguntei, por mais que já soubesse a resposta.
– Nunca foi pessoal com você – falou como se isso fosse mudar alguma coisa, olhou em volta pela sala como se procurasse algo –A três anos o meu pai me mandou pra NY, me pediu para me aproximar dos Ramírez. Então eu conheci o Roman assim, na entrevista eu tive certeza que daria certo porque eu e ele somos... Compatíveis.
Rolei os olhos brevemente porque ao terminar a frase ela chupou o lábio inferior, por fim voltou o olhar a mim, e eu cruzei os braços de frente ao meu corpo, como uma forma de proteção mesmo. Enquanto ela mascava um clichete, enrolando uma mecha do seu cabelo escuro entre o indicador e o polegar.
– Eu não esperava mesmo me envolver com ele, mas aconteceu... – suspirou profundamente, e depois seu senso de humor pareceu mudar – aí você chegou e de repente, ele estava de quatro por você, o que eu particularmente não entendo! Você não faz nem o tipo dele!
– Sabe de nós? – perguntei, impactada com a capacidade de ser falsa dela durante todos esses meses – Desde quando sabe disso?
– Desde que chegou! O Roman só deve me achar idiota, assim que você chegou ele veio a mim na Empire, estava todo excitado e muito afim... Então ele começou a gemer a porra do seu nome, na hora eu não entendi mas dois dias depois lá estava a "Isabella" para todos os lados com ele.
Fiquei vermelha instantaneamente, e continuei encarando ela sem muita disposição de responder. Só sentia raiva dela, por ser tão cínica e indiscreta dessa forma. Iago ouvia tudo que falávamos, já que estava próximo.
– Tá, sei que as duas tem uma foda em comum mas já chega dessa porra – Iago voltou para sala dizendo, me olhando – Vai pro quarto e separa umas coisas.
– Pra que?!
– Vai vir comigo – informou.
– Não! – rebati, e ele me segurou pelo braço – Eu não quero ir a lugar algum com você!
– Vai levar ela pra onde?
– Não se mete Karine – respondeu para a irmã, me levando até o quarto sem muita gentileza – tem uma mala em cima do guarda roupas.
– Vou ser sua refém pra sempre agora? – perguntei, antes dele bater a porta na minha cara.
Filho da puta! Todos os dois! Afundei a mão na minha franja, bagunçando completamente meu cabelo que já não era penteado a um longo período de tempo, me virei de frente pro quarto só agora, encarando aquela cama. Não havia estado aqui desde a noite anterior, e definitivamente não estava preparada para isso, estar ali fez tudo voltar. Às lembranças como um maldito filme, a sensação como se ainda estivesse acontecendo, não queria mais chorar, estava tão cansada disso! Apenas fechei os olhos com força, tentando não voltar a mente naquilo, quando os abri me recordei dos remédios que Iago me trouxe a algumas noites.
Corri até a poltrona onde eles estavam, abri a sacola retirando todas as cartelas ali de dentro. Havia calmante, analgésico e anticoncepcional, tudo que meu farmacêutico barra sequestrador havia trazido para que eu me cuidasse aqui. Abri a de calmante e tomei dois, engolir aqueles comprimidos sem água não era nada fácil, encarei a cama e a imagem do Diogo me voltou na cabeça, ele em cima de mim, a expressão de prazer em seu rosto enquanto eu só queria morrer para não sentir aquilo. Sequei a lágrima que escorreu, e desisti de tomar algo para me dopar, por mais que não fosse mudar nada, eu passei a tomar toda a cartela de anticoncepcional. Sentia tanto nojo de mim mesma, tanto pavor de contrair uma doença daquele nojento... Ou uma gravidez! Essas ideias me cegaram e eu só parei de tomar quando terminei tudo, conseguindo me acalmar só assim, ao ver a cartela vazia.
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Quase Um Pecado - CONCLUÍDA
RomanceA paixão não escolhe por etnia ou religião, cor ou sexualidade, quando ela vem, em grande peso, ela sempre vence as barreiras criadas pelo ser humano através dos anos.