Isabella narrando
Dirigir pela primeira vez sem ser nas aulas era tão diferente, tão bom, ao mesmo tempo que assustador. Eu ainda estava tensa, segurando o volante com mais força do que deveria, o pé no acelerador e o outro já pronto para pisar no freio caso qualquer coisa saísse de controle. Roman não dizia nada, apenas me observava, eu estava na avenida que nos levaria a Empire, mas eu estava tão nervosa que chegava ter calafrios.
— Relaxa um pouco, você tá indo bem — me disse, me fazendo suspirar.
Me concentrei nisso, no que ele falou, e continuei. Por sorte o carro é automático e não precisei me preocupar com as marchas, estava tão focada na estrada que nem notei o meu passageiro começar a me fotografar enquanto dirigia, quando percebi, rolei os olhos não deixando de sorrir. Cada carro que me ultrapassava me assustava, como se eu fosse parar o carro só de o ver ali, tão próximo, mas até que conduzi bem, chegamos na empresa e ao descer do carro senti minhas pernas bambas. Desejando beijar o chão sobre meus pés em um eterno agradecimento por ter chegado viva.
— Viu? Eu te disse, não é tão difícil assim — Roman sorriu.
— É sim, fiquei tão nervosa — assumi, suspirando e ligando o alarme do carro.
O observei dar a volta no veículo e parar ao meu lado, seu terno estava levemente amassado na gola e o arrumei, passando a mão pelo seu rosto logo em seguida. Parecia um hábito, tanto tempo sendo um casal, era difícil não o tocar a todo instante agora. Ainda mais em público, tirei a não dali, voltando a mão na sua roupa, a deixando impecável como sempre.
— Pronto pra retornar, chefe? — brinquei, o olhando.
Ele me lançou aquele olhar, o mesmo que me lançou na porta do banheiro apenas de toalha quando eu cheguei em NY. Não evitei corar, mesmo que não fosse minha intenção, e por fim sorri, o acompanhando para dentro da empresa. Faziam quase dois meses que eu não pisava aqui, mas tudo permanecia bem igual, os funcionários sempre tentando ser simpáticos com ele porém receosos, com seu retorno. Todo mundo aqui tinha um certo medo dele, todo mundo que conheço sempre teve.
Fui até a minha mesa, observando ela perfeitamente organizada e ali no cantinho, esquecida a tanto tempo. Me aproximei, deixando minha bolsa sobre ela e abrindo o notebook, organizando do meu jeito as coisas: o computador no centro, o pequeno enfeite de lua crescente em um dos cantos e as pastas com arquivos a serem computados logo a frente do eletrônico. Mas antes de simplesmente ligar o meu computador algo me surpreendeu, era a Karine, passando por ali na maior naturalidade existente, como ela sempre fazia, indo direto até a sala do Roman que estava conversando com o irmão.
Não me contive ali, a acompanhei, e acelerei os passos para antes de alguém abrir a porta para ela, cruzei os braços a encarando e tombando brevemente a cabeça. Meu sangue estava quente, sentia a adrenalina pulsar no meu coração junto com a raiva, como ela tinha a coragem de continuar aqui depois de me entregar aos lobos daquela forma? Ela me olhou diretamente, mas era como se nem me visse, como se olhasse através de mim.
— Que merda ainda está fazendo aqui?
— Oi Isabella! — abriu um sorriso enorme, fingindo me notar só naquele momento — A praia te fez bem, está toda bronzeada!
Não correspondi o sorriso, apenas fiquei parada, e continuei assim, olhando pra ela com as sobrancelhas unidas. Falsa e dissimulada, imaginava milhares de formas de ofender ela, mas não consegui projetar nenhuma em palavras.
— Porque ainda tá aqui?
— Eu trabalho aqui, amor — O sorriso mudou, agora era sarcástico — Vim ver o Roman, estou com saudades!
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Quase Um Pecado - CONCLUÍDA
RomanceA paixão não escolhe por etnia ou religião, cor ou sexualidade, quando ela vem, em grande peso, ela sempre vence as barreiras criadas pelo ser humano através dos anos.