Ainda era cedo quando Suzane deixou o apartamento para ir ao trabalho. Leandro havia lhe arranjado um emprego em sua firma de publicidade, e ela até que estava gostando de ter o que fazer e só depender dela para ganhar dinheiro. Mal havia saído de casa quando René começou a caminhar a seu lado.
- Vi você ontem na Barra, com seu namorado - disse ele, sem nem mesmo cumprimentá-la.
- Não estive na Barra ontem - a retrucou, de má vontade.
- Mentirosa. Vi você no carro de luxo do playboy. Só o que não entendi foi o porquê da peruca.
- Peruca? - ele assentiu. ― Endoidou de vez.
- Eu vi você, Suzane.
Ela estacou abismada e retrucou com irritação:
- Como é que sabe o meu nome?
- Conheço todo mundo por aqui, inclusive o cara que alugou o apartamento para você.
- Muito esperto. Mas isso não lhe dá o direito de vir me cantar inventando mentiras.
- Quem é que está mentindo? - ela o olhou com desdém e não respondeu.
- Pelo menos eu não finjo ser outra pessoa.
- Nem eu.
- O riquinho é seu namorado?
- Para dizer a verdade, é sim. E você não tem nada com isso.
- Não tenho e entendo por que você prefere o playboy a mim.
- Entende? Que bom. Então, por que não me deixa em paz?
- Só porque estava no carro do bacana, não precisava fingir que não me conhecia.
- De novo com essa bobeira?
- Por que não assume que era você?
- Porque não era.
- E ainda por cima, de peruca...
Já disse que não era eu. Não estive na Barra ontem, muito menos usando uma peruca. Gosto do meu cabelo do jeito que é.
- Mas eu a vi. Juro.
- Não era eu. Você me confundiu com outra garota.
- Era você mesma. Até olhou para mim...
- Virei à cara para você?
- Não.
- Então não era eu.
O sangue subiu à cabeça de René, que estacou no meio da rua e segurou-a pelo punho, com força.
- Não devia me tratar dessa maneira, Suzane. Gosto de você.
- Mas eu não gosto de você. E quer, por favor, largar o meu braço? Está me machucando.
Ele afrouxou os dedos, mas puxou-a para si o suficiente para que seus lábios quase se roçassem. Instantaneamente, um calor subiu pelo corpo de Suzane, que se assustou com a sensação de amolecimento que foi dominando as suas pernas e o enorme desejo de colar a sua boca à de René. Ele sentiu o mesmo, porque seu coração se precipitou para fora do peito, indo buscar as batidas arrítmicas do coração de Suzane. Beijou-a. Calmamente a princípio, e depois com um ardor comedido de quem tem medo de revelar o que sente.
Quando ele terminou de beijá-la, Suzane permaneceu com os lábios próximos aos seus, o peito ondulante atirando fagulhas de desejo que René recolhia com o corpo se torcendo de uma febre animal e hostil.
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Gêmeas - Não se separa o que a vida juntou
SpiritualLivro escrito pela autora Mônica de Castro, apegada ao espiritismo e foi nesse mundo onde conhece Leonel, um espírito que mostra a ela história que teve com seu amor ainda em vida. Acreditando ou não em espiritismo eu peço que se permita ler essa n...