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Graziela estava de costas, distraída com o movimento dos convidados á beira da piscina. Ao ouvir o barulho da porta, voltou-se para Suzane e deu um sorriso amistoso. 

- Não tenha medo - disse - você não precisa ter medo de nada. 

- Não estou com medo - mentiu Suzane. - Apenas não entendo o que você possa ter para me falar. 

- Sente-se, O que tenho a lhe dizer é surpreendente e demorado. 

Suzane se sentou e ficou olhando para Graziela, que pigarreou e se sentou ao seu lado, tentando encontrar as palavras certas para definir uma situação completamente inusitada. 

- O que voce tem a dizer tem algo a haver com Leandro? - sondou Suzane. 

Graziela a olhou surpresa, mas respondeu calmamente:

- Não, Eu não sei nada sobre o seu namorado. 

Suzane suspirou aliviada e continuou:

- Muito bem. Seja lá o que for que tenha para me dizer, diga logo. Já passei por muita coisa na vida e acho que nada mais me espanta. 

- Uma moça tão jovem e com tantas desilusões. Posso saber o que houve? 

- Não creio que a história da minha vida vá lhe interessar. 

- Ao contrário. Interessa-me, e muito. 

- Por  quê? 

Graziela não respondeu e retrucou com outra pergunta:

- Você foi adotada, não foi? 

A pergunta a incomodou, e Suzane olhou fundo nos olhos de Graziela, como se estranho e indecifrável pressentimento se apoderasse dela. 

- Como é que sabe disso? 

- Eu sei de muitas coisas. E há outras que estou tentando descobrir. 

- Já sei. Foi dona Amélia. 

- Quem me contou não vem ao caso. O que importa realmente é qie voce foi adotada e seus pais adotivos morreram num acidente de carro. - Suzane não disse nada, e ela prosseguiu: - Nunca lhe passou pela cabeça conhecer os seus verdadeiros pais? 

- Já... - balbuciou ela, uma inquietação formigando a sua pele. 

- E por que não fez isso? 

- Sinceramente, não entendo por que está me fazendo essas perguntas - objetou Suzane, um tanto quanto contrariada. - que você tem a ver com a minha vida? 

Graziela se levantou e deu a volta no quarto, parando de frente para ela. 

- Pode ser que não tenha nada - afirmou ela, estudando o rosto de Suzane, - ou pode ser que tenha tudo. 

- Não estou entendendo. 

- Até eu estou tentando entender. Assim como você, também passei por muitas coisas. Você sabia que fui casada com um diplomata? 

- Ouvi falar. 

- Ele era um homem muito rico e influente. Quando me casei com ele, eu era uma jovem viúva, pobre e desiludida da vida. - Suzane ergueu as sobrancelhas, mas não

- disse nada. - E havia perdido duas filhas... gêmeas. 

- Não. Elas foram tiradas de mim. 

Nesse momento, Suzane sentiu uma estranha emoção e deu um salto da cama, afastando-se de Graziela como se a verdade que ela estava prestes a dizer pudesse feri-la. 

- Como assim. tiradas de você?

Graziela não respondeu. Colocou-se novamente defronte a Suzane e rebateu com ar enigmático.  

Gêmeas - Não se separa o que a vida juntouOnde histórias criam vida. Descubra agora