Renato encontrou Carminha andando de um lado a outro no quarto, as lágrimas escorrendo, abundantes, de seus olhos. Fora obrigado a cancelar a viagem de negócios por causa do telefonema que ela lhe dera, dizendo que era urgente e que tudo estava perdido. Precisou instruir seu assessor ás pressas sobre os detalhes e apresentar uma desculpa convincente para voltar.
- Mas o que foi que houve? - indagou aflito, vendo o estado deplorável em que a mulher se encontrava.
- Eu a vi Renato, eu a vi! - desabafou ela, encarando-o com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.
- Você viu quem?
- A gêmea de Beatriz.
- Carminha, isso é impossível.
- Não é! eu a vi. Ela é um pouco mais magra e tem os cabelos cortados á Chanel e negros, da cor original dos de Beatriz.
- Você deve ter se enganado. O medo e a preocupação pregam peças na imaginação.
- Não foi imaginação! Nícolas também a viu, e Pedro, o amigo dele.
- Nícolas a viu?
- E falou com ela! Não venha tentar me convencer de que eu não vi a moça. porque conheço bem o rosto da minha filha. E aquele era o rosto de Beatriz!
Não adiantava mais tentar convencer Carminha de que Beatriz não tinha uma irmã gêmea. Negar o óbvio era bobagem. Embora ele achasse que havia coincidências demais naquela história, os fatos aprontavam para o improvável e, por uma ironia mordaz do destino, a menina gêmea, sem saber, entrelaçara sua vida á deles, levando-lhes uma ameaça visível e extremamente perigosa.
- Conte-me o que aconteceu - pediu ele, sem poder esconder a consternação.
Carminha contou em minúcias o que se havia passado no jardim zoológico, e Renato afundou o rosto entre as mãos, sua cabeça tentando ordenar os pensamentos de forma a lhes dar coerência.
- Você ainda vai negar que Beatriz tem uma irmã gêmea?
Ele ergueu a cabeça, com os olhos cheios de dor, e retrucou vencido:
- Não posso mais. O inevitável aconteceu.
- Você sabia, não é mesmo? O tempo todo soube que havia duas meninas. Por que não me disse nada?
- Não achei que fosse necessário. Queria evitar-lhe preocupações.
- Como foi que isso aconteceu, Renato? Como você pôde permitir separar as gêmeas? Então não sabia que isso ainda podia acabar acontecendo?
- O que você queria que eu fizesse? Eu bem que tentei ficar com as duas, mas o pessoal da adoção não permitiu.
- Como você ficou sabendo das duas? Chegou a ver a outra?
- Não... Mas ouvi um comentário da mulher que me entregou Beatriz.
Carminha quase quebrou os dedos de tanto apertá-los, até que tornou com angústia:
- E agora, Renato, o que vamos fazer?
- Não sei. Estamos em uma situação difícil. Não vai levar muito tempo para Graziela descobrir a verdade. Assim que ela souber que há duas meninas idênticas circulando pela cidade, vai desconfiar e apurar os fatos.
- Por que você foi deixar isso acontecer? - explodiu ela, partindo para cima de Renato e socando-lhe o peito. - Por quê? Por que, meu Deus, porquê?
Carminha desabou num pranto desesperado, e Renato aparava os seus golpes, até que a abraçou e tentou sustentar o seu corpo sacudido pelos soluços.
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Gêmeas - Não se separa o que a vida juntou
SpiritualLivro escrito pela autora Mônica de Castro, apegada ao espiritismo e foi nesse mundo onde conhece Leonel, um espírito que mostra a ela história que teve com seu amor ainda em vida. Acreditando ou não em espiritismo eu peço que se permita ler essa n...