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Em pouco tempo, uma forte amizade surgiu entre Beatriz e Suzane. Havia realmente muitas semelhanças entre elas, e as diferenças de temperamento não eram tantas que não permitissem que pudessem ser amigas. Ambas tinham em comum o principal: um bom coração. 

Beatriz adquiriu o costume de ir à casa de Graziela, principalmente para conversar com Suzane, na tentativa de se conhecerem melhor.

- Sabe quem eu conheci outro dia? - indagou Beatriz, logo que conseguiu entrar no assunto.

- Quem? - tornou Suzane, com certa curiosidade.

- O René. Lembra-se dele? 

Suzane teve um sobressalto e olhou para Beatriz admirada.

- Onde você o conheceu?

- Ele me confundiu com você. Acredita?

- Acredito. Acho até que ele já havia visto você em algum lugar, porque me falou algo a respeito. Aquelas confusões que todo mundo fazia, achando que eu era você e vice-versa.

- Ele é muito apaixonado por você, sabia? Pediu-me para dizer-lhe isso.

- Pediu? Como? Sobre o que vocês conversaram?

- Bom, foi difícil para ele acreditar que eu não era você. Quando enfim se convenceu, já havia percebido que, possivelmente, nós éramos gêmeas. Tornou-se meu amigo e me pediu para lhe dizer que a amava, caso você fosse mesmo minha irmã. 

Suzane ficou pensativa por uns instantes, recordando os momentos felizes que passara ao lado de René.

- Não posso mais tornar a vê-lo. Estou comprometida com Leandro, e não seria justo com ele.

- Não seria justo com quem? Com Leandro ou René?

- Vou lhe contar algo em segredo, Beatriz. Quando vim para o Rio de Janeiro, vim disposta a encontrar um marido rico para poder me vingar de meu tio Cosme, lá em Brasília. Conheci René e acabei me apaixonando, mas ele não podia me dar o que eu pretendia.

- Vingança.

- Exatamente. René é pobre, e só um homem rico poderia me auxiliar nesse intento. Foi quando conheci Leandro e gostei dele.

- Quer dizer então que você começou a namorar Leandro só porque ele é rico?

- No princípio, era só isso. Mas não sou esse tipo de mulher interesseira. Entrei em conflito comigo mesma. Queria seguir o meu coração, mas estava presa ao ódio que sentia pelo que meu tio Cosme me fizera, e achava que só Leandro, com o seu dinheiro e influência, poderia me ajudar.

- Mas você hoje não precisa de dinheiro. Graziela é rica e vai deixar você muito bem.

- Sei disso.― Então, por que não termina com ele e fica com René?

- Não é tão fácil assim. René não é apenas pobre... é meio malandro, sabe?

- Como assim?

- Ele trabalha fazendo apostas do jogo do bicho.

- E isso é um problema.

- Não é?― Acho que sim. Namorar um contraventor é complicado. Mas se você o ama, não pode estimulá-lo a largar essa vida?

- Talvez. Ele está estudando e vai fazer faculdade de Direito.

- Sério? Então, ele não é tão malandro assim. Tem algo de bom nele.

- Acho que o que faltou a René foram oportunidades na vida. No entanto, depois que me conheceu, se dispôs a mudar e diz que vai ser juiz. E aposto como vai mesmo. Ele tem muita garra.

Gêmeas - Não se separa o que a vida juntouOnde histórias criam vida. Descubra agora