Enquanto Leandro se ocupava com Beatriz, Gilson se preocupava com as ameaças veladas de Renato e tentava descobrir mais a respeito de Suzane. Renato dissera que o namorado dela se chamava Leandro e era filho de Amélia Souto Bastos. Pesquisando na internet, descobriu que o rapaz era sócio em uma agência de propaganda na Barra da Tijuca, de onde poderia começar a segui-lo, até chegar à casa da namorada.
Fazia aquilo contrariado, por insistência de Renato, de quem pretendia se ver logo livre. Se fosse para afastá-lo de vez da sua vida, até que valeria apena. E depois, teria que cuidar de Vítor. Melhor seria se o filho rompesse o namoro com Beatriz, mas ele não podia pressioná-lo. Só lhe restava esperar que a paixão se dissolvesse e ele voltasse os olhos para outras moças.
Parado na porta da agência, Gilson viu quando Leandro e Suzane saíram ao final do dia e pôs-se a segui-los à distância. O carro tomou a direção do subúrbio, e ele foi atrás. Algum tempo depois, estacionou defronte a um edifício decadente, e Gilson parou à distância. Ótimo, pensou ele.
A moça, pelo visto, era pobre, o que facilitaria sua investida.
- Não entendo por que você não se muda daqui - disse Leandro a Suzane. - Já me ofereci para ajudá-la a pagar o aluguel de um apartamento na Barra ou no Recreio.
- Não, Leandro - protestou ela veementemente. - Você já me arranjou um emprego. Não quero que faça tudo por mim. Nós não somos casados.
- Ainda não. Mas você é minha namorada, quase noiva. Não fica bem morar num lugar como esse.
- O que ganho ainda não é o suficiente para me manter sozinha. Quando for, sairei daqui.
- Posso lhe dar um aumento.
- Obrigada, mas não quero.
- Você é a primeira pessoa que vejo recusar um aumento.
- Não estou recusando. Só quero conquistá-lo por meu mérito próprio.
- Tudo bem. Mas por que não moramos juntos? Meu pai tem um apartamento vazio na Barra. Tenho certeza de que nos cederia.
- Não sei. E se você enjoar de mim e me colocar na rua?
- Isso nunca vai acontecer. Sabe o quanto a amo.
Ele a beijou com emoção, e ela correspondeu ao beijo com uma pontinha de remorso. Na verdade, relutava em sair dali por causa de René, resistindo à idéia de deixá-lo.
- Vou pensar nessa proposta - considerou, dando-lhe novo beijo nos lábios. Mais tarde lhe direi minha decisão.
- Amanhã.
- Não sei. Mais tarde.
Desceu do carro e lhe jogou um beijo.
Leandro ligou o motor e seguiu vagarosamente pela rua.
- Finalmente! - Gilson disse para si mesmo, assim que o carro de Leandro dobrou a esquina.
Já ia abrindo a porta de seu carro quando outro rapaz se aproximou de Suzane, e Gilson ficou onde estava, apenas observando. O moço disse alguma coisa ao seu ouvido, e ela lhe deu um leve empurrão e tentou entrar no prédio. Mas o rapaz foi mais rápido e a puxou pelo braço, fazendo com que ela se voltasse para ele. Em seguida, encostou o corpo dela contra a parede e beijou-a sofregamente, alisando os seus seios.
De onde estava, Gilson não ouvia o que diziam, mas de uma coisa tinha certeza: Suzane não estava recusando as carícias do rapaz nem parecia ofendida com a sua atitude. Em poucos minutos, ela alisou o rosto dele e segurou a sua mão, e os dois entraram apressados no edifício. Gilson sorriu satisfeito. Seria mais fácildo que imaginara. Além de pobre, ela era infiel, e estava obvio que só namorava Leandro porque ele era rico, mas gostava mesmo era do malandro do subúrbio.
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Gêmeas - Não se separa o que a vida juntou
SpiritualLivro escrito pela autora Mônica de Castro, apegada ao espiritismo e foi nesse mundo onde conhece Leonel, um espírito que mostra a ela história que teve com seu amor ainda em vida. Acreditando ou não em espiritismo eu peço que se permita ler essa n...