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Parecia a Suzane que tinha acabado de sair de um sonho. Leandro era tudo com que sonhara e um pouco mais. Para um primeiro encontro, até que fora longe demais, mas ele parecia ter gostado dela. Tanto que a convidara para ir a sua casa no dia seguinte. Foi buscá-la depois do almoço, e Suzane se espantou com a distância que percorreram até chegarem ao Joá. Era um caminho agradável e panorâmico, cheio de árvores e cantos de cigarra.

- É lindo - observou ela, surpresa por estar circulando numa floresta incrustada no meio da cidade do Rio de Janeiro. 

- Muito diferente de Brasília, não é? 

- Brasília tem o seu charme. Mas uma floresta igual a essa... Não sei. Acho que não vi em lugar algum.

- Fico feliz que tenha gostado. 

- E eu que pensei que o Rio só era lindo por causa do mar. 

- Do mar, da montanha, do céu... De tudo. E agora, principalmente, por causa de você.Ela corou levemente, embevecida com o elogio. 

- Está me deixando sem graça. 

- Graça é o que não lhe falta - ela sorriu satisfeita, e ele prosseguiu: 

- Gostei muito de você, Suzane. A noite de ontem me fez pensar em muitas coisas. 

- Que coisas? 

-Já não sou mais garoto. Preciso sossegar. 

- E o que eu tenho a ver com isso? 

- Foi você a pessoa que me fez pensar nisso. 

Suzane exultou intimamente e pousou a mão sobre a dele: 

- Isso é muito bom de se ouvir. No entanto, como pode ter certeza de algo assim? Você mal me conhece. 

- É o que estou tentando fazer agora: conhecê-la. 

Leandro parou o carro em frente a um muro alto e impenetrável, acionando o botão do controle que erguia o portão da garagem. Entrou com o carro e foi estacionar, causando uma impressão de deslumbramento em Suzane. A mansão em que ele vivia era magnífica e luxuosa, bem parecida com a que fora sua um dia. 

Depois que entraram, Leandro deu-lhe um beijo nos lábios e pediu licença um minuto. Precisava ir ao banheiro. Assim que ele saiu, Suzane pôs - se a olhar ao redor, maravilhando-se com o que via. A casa parecia saída de um conto de fadas. Mais parecia um castelo. O chão era todo quadriculado de mármores pretos e brancos, as paredes cobertas com um suave papel cor de creme, e lustres imensos de cristal reluzente pendiam do teto rodeado de sancas artisticamente entalhadas. A escada subia em caracol, ladeada de balaústres dourados, e quadros com molduras de ouro davam um ar ao mesmo tempo austero e distinto ao local

Estava assim apreciando as escadas quando uma figura altiva e elegante começou a descer:

- Boa tarde - cumprimentou ela com voz jovial. - Você deve ser a Suzane, não é? Meu filho me falou a seu respeito. Muito prazer, sou Amélia, mãe dele. 

- Prazer... - respondeu Suzane, definitivamente pouco à vontade. 

- Não precisa ficar constrangida. Eu não mordo. - Suzane riu sem graça, e ela prosseguiu: -  Gostaria de beber alguma coisa? Um refrigerante, café?

- Não, obrigada, estou bem. 

- Se quiser, não faça cerimônia. Gosto que os amigos de meu filho se sintam à vontade em nossa casa. Ainda mais você, que agora é a sua namorada.

- Foi isso que ele disse à senhora? - surpreendeu-se Suzane. 

- E não é verdade? 

Ela enrubesceu até a raiz do cabelo e respondeu com voz sumida: 

Gêmeas - Não se separa o que a vida juntouOnde histórias criam vida. Descubra agora