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Foi com uma quase agonia que Beatriz conseguiu aguardar até segunda-feira, dia da entrevista com Amélia. Ela nada sabia da visita que a mãe fizera a Graziela no dia anterior, pois Carminha, de tão abalada, nada lhe dissera, apesar de ter chorado muito nos braços de Renato.

As sete em ponto, Beatriz e Vítor tocaram a campainha da casa de Amélia, e uma criada veio atender. O olhar da moça para Beatriz causou-lhe certo mal-estar, uma sensação de que se tornara objeto de observação de curiosos. Mas a criada não disse nada, e ela tampouco fez qualquer comentário. Os dois se sentaram no sofá e puseram-se à espera de que Amélia surgisse.

- Você viu o jeito como ela olhou para mim? - indagou Beatriz, assim que a empregada saiu.

- O que é que tem? - tornou Vítor.

- Foi como se já me conhecesse.

- Vá com calma, Bia. Não comece a criar fantasias. 

Antes que ela respondesse, Amélia entrou na sala, e a primeira coisa que reparou foi na barriga de Beatriz. Graziela já havia lhe contado aquele detalhe, mas ela teve que fingir surpresa.

- Você está grávida! Para quando é o bebê?

- Para novembro - respondeu Beatriz.

- Já sabe se é menino ou menina?

- Vou fazer a ultra-sonografia daqui a duas semanas.

- O que vocês preferem?

- Tanto faz - foi Vítor quem respondeu. - Vinda de Beatriz, qualquer criança é maravilhosa.

- Que palavras lindas! - admirou-se Amélia. ― Minha filha, não largue esse rapaz por nada. Paixão assim, só em novelas ou romances água com açúcar. 

Todos riram, e Amélia ficou admirando o jovem casal, examinando mais de perto a incrível semelhança entre Beatriz e Suzane, agora certa de que elas só podiam mesmo ser gêmeas. 

Até que Vítor pigarreou e começou a dizer meio sem jeito:

- Bom, Dona Amélia, como sabe, escolhi a senhora para uma entrevista porque a julgo uma grande personalidade da nossa sociedade carioca... 

Enquanto a falsa entrevista se desenrolava na sala de estar, no  andar de cima, Graziela andava de um lado a outro no quarto de Leandro, apertando as mãos e apurando os ouvidos para ver se ouvia alguma parte da conversa.

- Pare com isso, Graziela - censurou Suzane. - Está me deixando nervosa.

- E não vai escutar nada daqui de cima - acrescentou Leandro.

- O que será que está acontecendo lá embaixo? - perguntou Graziela ansiosa.

- Eles estão conversando - era Leandro.

- E quando é que eu vou poder aparecer?

- Tenha calma - pediu Suzane. 

- Nem sabemos se você deve aparecer nesse momento.

- Mas eu quero vê-la! - protestou ela.

- Não foi isso que combinamos - falou Leandro. - Se você quer se precipitar, vai estragar tudo.

-  Tem razão... Vou esperar...

De repente, ouviram a sineta de a sala tocar, chamando a criada. Era o sinal para que Suzane e Leandro aparecessem.

- Já lhe disse que você é a cara da namorada do meu filho? -perguntou Amélia a Beatriz, logo após pedir suco à criada. Aquele era o momento que tanto desejavam, e Beatriz não perdeu a oportunidade de ingressar no assunto.

Gêmeas - Não se separa o que a vida juntouOnde histórias criam vida. Descubra agora