Assim que Gilson entrou em casa naquele princípio de noite, vozesaltercadas vindas do quarto do filho chamaram-lhe a atenção, e ele foi para lá.A porta estava entreaberta, e ele viu o rosto furioso de Beatriz. Ficoucontemplando-há por uns instantes, tentando refazer a imagem de Suzane emsua mente.
Lorena logo notou sua presença. Estava praticamente grudada emBeatriz, sugestionando-lhe as palavras agressivas com que ela extravasava asua raiva na discussão.Em dado momento, Beatriz se virou de frente para a porta e levou umsusto com a presença silenciosa de Gilson, cuja chegada ninguém, a não serLorena, percebera.
Notando o olhar espantado de Beatriz, Vítor olhou na mesma direçãoe exclamou:
- Papai! Não ouvimos você chegar.
- Por que estão brigando? - indagou Gilson, sem desgrudar os olhosde Beatriz.
- Não estamos brigando - esclareceu Vítor.
- É só uma bobagem deBeatriz. Só porque tem um clone dela andando por aí...
Gilson fechou o cenho, acabrunhado, e repetiu:
- Um clone?
- É brincadeira, pai. É que outro dia, vi uma garota igualzinha aBeatriz. Isso tem alguma coisa de mais?
- Não... - respondeu ele maquinalmente, evitando encarar Beatriz.
Os dois continuaram a discutir, e Gilson se afastou abatido. Devia termandado aquela outra menina para fora, para o exterior, mas a ganância, naépoca, superou a prudência. E agora, ao que tudo indicava, as duas estavamali, na mesma cidade, bem próximas uma da outra e, o que era pior, daverdadeira mãe.
Que destino implacável era aquele que juntava três mulheres que nãose conheciam e que, ao mesmo tempo, estavam tão estreitamente ligadas?Gilson ficou acordado até tarde naquela noite, esperando o filhochegar. Ele havia conseguido acalmar Beatriz e a levara ao cinema.
Vítorvoltou para casa por volta da meia-noite e estranhou ver o pai acordado nasala, sozinho, bebendo uísque à meia-luz.
- Está tudo bem, pai? - indagou o rapaz.
- Está. Na verdade, meu filho, queria lhe fazer umas perguntas.
- Que perguntas?
- Sobre a sua namorada.
- O que tem ela?
- As coisas andam bem entre vocês?
- Muito bem. A discussão de hoje foi só uma besteira de Beatriz.
- Não acho que seria bom você se apaixonar excessivamente.
- Já estou apaixonado, pai. Ela é a mulher da minha vida.
- Apaixonar-se é uma coisa. Ficar fixado numa mulher é outra.
- Quem foi que disse que estou fixado nela? Sou vidrado nela, issosou. Mas fixação é algo que não tenho.
- Quando um homem chega ao ponto de ver a namorada no rosto deoutras mulheres, isso é fixação.
- O que? De onde tirou essa idéia?
- Você mesmo disse que anda vendo Beatriz por aí.
- Ah! Pai, que bobagem. É apenas uma garota parecida com ela.
- Tem certeza?
- Claro.
- E onde foi que você a viu?
- Na praia.
- Aqui, na Barra?
- Foi.― Em que lugar da praia?
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Gêmeas - Não se separa o que a vida juntou
SpiritualLivro escrito pela autora Mônica de Castro, apegada ao espiritismo e foi nesse mundo onde conhece Leonel, um espírito que mostra a ela história que teve com seu amor ainda em vida. Acreditando ou não em espiritismo eu peço que se permita ler essa n...